São Paulo, quinta-feira, 03 de março de 2011 |
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ANÁLISE COMMODITIES Melhorar genética e produzir mais carne são desafios da pecuária PAULO DE CASTRO MARQUES ESPECIAL PARA A FOLHA A bovinocultura tem duas finalidades básicas: a produção de carne e a oferta de leite. Em ambos os segmentos, o Brasil caminha bem. O país é o segundo maior produtor mundial de carne bovina, com cerca de 10 milhões de toneladas por ano, e o quinto maior em leite, com 29 bilhões de litros por ano. O brasileiro leva ao prato cerca de 37 quilos de carne vermelha por ano e bebe cerca de 150 litros de leite. No cenário externo, o país é o maior exportador de carne e está entrando no comércio de leite, após um longo período como importador. Com base nesses números, pode-se dizer que a pecuária nacional (corte e leite) cumpre bem seu papel de fornecedora de produtos essenciais à população. Porém, é possível fazer mais. Essa responsabilidade tem de ser repartida com vários agentes -desde as esferas governamentais às instituições de pesquisas, aos técnicos, aos produtores e aos demais envolvidos na cadeia produtiva da carne e do leite. Há várias ferramentas indispensáveis para impulsionar a oferta de proteínas animais no país. Uma delas é a genética aplicada à pecuária. No caso da pecuária leiteira, a genética foca um indicador indiscutível: as vacas têm de produzir muito leite. Quanto mais produzem, mais receita geram aos produtores e mais proteínas de alta qualidade colocam à disposição do mercado. Na pecuária de corte, a questão é um pouco mais complexa. Há animais selecionados para produzir carne, cumprindo, assim, sua função básica. Mas há outros -parte de um nicho exclusivo- que buscam a perfeição morfológica. "SHOW" E PRODUÇÃO Em outras palavras, há os reprodutores, que geram mais crias de padrão superior nas fazendas, e outros escolhidos para apresentações em exposições, o que não significa necessariamente que sejam excepcionais multiplicadores da melhor genética. Assim, há os animais de produção e os de elite. Mas todos deveriam ser de produção, considerando que a pecuária de corte objetiva a crescente oferta de carne. A lógica, portanto, é buscar a aproximação entre os dois caminhos. Partindo da premissa de que nem sempre os animais mais belos, vistosos e imponentes repassam para suas crias a genética melhoradora que se espera, as associações de criadores estão cada vez mais conscientes de que "show" e produção têm de se aproximar. Foi-se o tempo em que o prazer de ganhar o campeonato em uma exposição era suficiente para valorizar o nome de um projeto no setor pecuário. Cada vez mais é preciso conciliar os objetivos, com a produção nas fazendas de animais que efetivamente contribuam para multiplicar a melhor genética e ajudem a aumentar a oferta de carne. PAULO DE CASTRO MARQUES é empresário, pecuarista, proprietário da Casa Branca Agropastoril e presidente da Associação Brasileira de Angus (ABA). Texto Anterior: Commodities: Brasil aumenta vendas de agrotóxicos Próximo Texto: Foco: Índios protestam em Londres contra governo do Brasil Índice | Comunicar Erros |
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