São Paulo, domingo, 03 de abril de 2011 |
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Consumo cresce mais na periferia de SP Enquanto os gastos aumentaram 23% na região central, nos bairros mais distantes cresceram 62%, diz estudo Aumento da renda e crédito faz empresas migrarem atividades para regiões mais distantes do centro CLAUDIA ROLLI DE SÃO PAULO Com o aumento do poder de compra e do consumo nos bairros mais distantes, empresas e empreendedores expandem seus negócios, migram para áreas afastadas da região central de São Paulo e chegam a uma conclusão: a periferia dá lucro. Em cinco anos o consumo da população da região central de São Paulo cresceu 22,9%. Passou de R$ 55,383 bilhões em 2005 para R$ 68,081 bilhões em 2010. Na periferia, os gastos aumentaram em ritmo maior. Há cinco anos R$ 89,170 bilhões foram destinados ao consumo. Em 2010, o montante chegou a R$ 144,122 bilhões (incremento de 61,6%). Parte do aumento de gastos na periferia se explica pelo aumento populacional: enquanto ali a população cresceu 4,1%, no centro houve queda de 4,3%. Mas o que justifica o crescimento tão expressivo do consumo é o ganho da renda das famílias da nova classe média e a oferta de crédito. Os números constam de estudo do Data Popular, feito a partir de dados da POF (Pesquisa de Orçamento Familiar), do IBGE, e de projeções da consultoria. MUDANÇAS Com a percepção de que o faturamento podia melhorar se migrasse para a periferia, o cabeleireiro Jorge Bispo de Souza fechou as portas do salão em Moema e migrou para o Jardim Novo Santo Amaro -na região do M'Boi Mirim. "O volume de clientes é maior. E quem entra no salão tem dinheiro no bolso. Em Moema, a clientela era menor e muitos pediam para parcelar ou pendurar." Um corte de cabelo no "Cenário da Beleza", hoje instalado na periferia, custa R$ 20 -antes era R$ 70. "O lucro agora vem da quantidade", diz Souza, que deixou a profissão de segurança e seguiu a do avô, que foi barbeiro. Os gastos com higiene e cuidados pessoais são os que mais crescem nos bairros mais distantes do centro -aumentaram 116,7% na comparação de 2005 com 2010. Na centro, a expansão foi mais modesta (57,1%). A periferia também gasta mais para comer fora. A loja do McDonald's de Itaquera, por exemplo, é uma das com maior crescimento da empresa no mundo, segundo disse Mauro Multedo, vice-presidente da rede, em congresso realizado em novembro. "A classe C [renda familiar de 3 a 10 salários mínimos] come Big Mac e gosta de Big Mac. A gente tem de fazer com que ela perceba, agora, outras opções. E tem que fazer com que a classe D [1 a 3] coma Big Mac", disse. "Alguns empresários já se conscientizaram que o dinheiro mudou de mãos e encontram na periferia uma forma de direcionar esse poder de consumo para os seus negócios", afirma Renato Meirelles, sócio e diretor do instituto Data Popular. "Quem não olhar para a periferia no atual momento é cego." Karina Macedo mudou a lan house de frente do shopping Boa Vista (Santo Amaro) para uma rua mais afastada. "Hoje, tenho o dobro de clientes. Faturava R$ 120 por dia; agora, R$ 350." Texto Anterior: Vinicius Torres Freire: Brasil: está frio ou está quente? Próximo Texto: Análise: O centro do consumo está nas regiões de baixa renda Índice | Comunicar Erros |
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