São Paulo, quinta-feira, 03 de junho de 2010

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Seminário atrai mais participantes do que o previsto

DO ENVIADO A XANGAI

Numa sala do luxuoso hotel Four Seasons, o representante do Sindilojas de Porto Alegre, Paulo Rey, mostrava o Rio Grande do Sul num mapa ao representante municipal de Yiwu, cidade conhecida como o "paraíso do R$ 1,99" pelos brasileiros.
"A gente fala Brasil e é samba, mas aqui tem uma pujança muito grande, o pessoal gosta de trabalhar, é honesto", disse Rey, com a ajuda de intérprete.
A poucos metros, em reunião que teve a presença da vice-ministra do Comércio, Ma Xiuhong, o representante na China da Embraer, que tem uma fábrica no país desde 2003, reclamava dos "enormes obstáculos" para vender aeronaves.
Com cerca de 620 participantes -quase 400 a mais do que o previsto-, empresários chineses (70% da plateia) e brasileiros lotaram o seminário realizado no centro financeiro da China.
O alto comparecimento, de empresas pequenas a gigantes como Vale e Huawei, é mais um sinal do aumento da relação bilateral.
Desde o ano passado o principal parceiro comercial do Brasil, com intercâmbio de US$ 36,1 bilhões, a China passou também a fazer investimentos bilionários, sempre com estatais.
O caso mais recente foi da petroleira Sinochem, que no final do mês passado pagou US$ 3,07 bilhões por 40% do campo de Peregrino (bacia de Campos).
Segundo o cônsul do Brasil em Xangai, embaixador Marcos Caramuru, o seminário estava voltado principalmente à atração de novos investimentos.
"Os chineses, com esse Plano de Ação Conjunta, fizeram uma aposta política, econômica no Brasil", disse o embaixador e ex-ministro do Desenvolvimento Sergio Amaral, diretor-presidente do Conselho Empresarial Brasil - China.
Assinado em abril, durante a visita do dirigente Hu Jintao ao Brasil, trata-se de um plano de cinco anos para intensificar o relacionamento bilateral em áreas como energia, mineração e tecnologia.
Já Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) criticou o governo por não abordar a "agenda negativa": o yuan desvalorizado e o contrabando.
"A posição que a China adota para o seu câmbio acaba prejudicando a indústria do mundo todo", disse Ricardo Martins, diretor da Fiesp.
O ministro Mantega voltou a dizer ontem que o problema maior do comércio mundial não é a desvalorização do yuan, e sim a do dólar americano. (FM)


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