São Paulo, quinta-feira, 03 de junho de 2010

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Chávez declara "guerra aos empresários" na Venezuela

Presidente defende rumo socialista do país e atribui crise à conspiração de donos de companhias no país

FLÁVIA MARREIRO
DE CARACAS

Em mais de seis horas de transmissão obrigatória em cadeia de rádio e TV, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, afirmou que os empresários do país lhe declararam guerra "de novo" e que ele responderia à altura.
"A burguesia quer guerra? Guerra é guerra", disse, diante de trabalhadores de empresa estatal de alimentos.
O venezuelano voltou a dizer que poderia nacionalizar a Polar, a maior empresa produtora e distribuidora de alimentos do país. Disse que seu dono, Lorenzo Mendoza, é "pré-candidato à Presidência" das elites. "Tu eres um ricaço. Vais para o inferno, não para o céu."
Chávez afirmou que a companhia não é imprescindível e que poderá seguir o mesmo caminho da RCTV, o canal de TV que não teve a concessão renovada pelo governo em 2007.
O presidente venezuelano decretou a "compra compulsória" de galpões da Polar na cidade de Barquisimeto e, e em 21 de maio, agentes do governo confiscaram toneladas de alimentos da empresa alegando que não figuravam nos registros legais.
Chávez defendeu o rumo socialista do país e atribuiu a crise venezuelana à conspiração de empresários -a economia encolheu 5,8% no primeiro trimestre, principalmente por falta de investimentos e escassez de dólares no mercado.
A queda do PIB venezuelano é a maior desde 2003, quando trabalhadores da estatal petroleira PDVSA e outros setores empresariais combinaram greve e locaute para pressionar o presidente.
Para analistas, Chávez aposta na polarização com a oposição e os empresários para amalgamar seu eleitorado, majoritariamente pobre, a poucos meses das eleições legislativas de setembro.
O programa do presidente foi dedicado a mostrar a eficiência das estatais dias depois do achado de contêineres onde apodreciam alimentos importados pelo governo.
Chávez citou várias vezes o presidente Lula e disse que a parceria com o Brasil ajudaria a Venezuela a produzir mais alimentos.


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