São Paulo, sábado, 03 de julho de 2010

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Greve em mina da Vale completa 1 ano

Paralisação no Canadá começou em julho de 2009 contra propostas de renegociação dos contratos coletivos

Acordo pode sair logo, mas não apagará os episódios de violência e processos judiciais de ambas as partes

Ian Austen - 16.out.09/"New York Times"
Mineiros fazem piquete na mina da Vale na cidade canadense de Sudbury; se não houver acordo, greve completará um ano no dia 13 deste mês

ANDREA MURTA
ENVIADA ESPECIAL A SUDBURY (CANADÁ)

À medida que a greve dos funcionários das minas de níquel da Vale em Sudbury (Canadá) se aproxima do recorde de um ano de paralisação, a ser completado no próximo dia 13, a tensão e o ódio à mineradora brasileira crescem a níveis perigosos.
Tudo indica que um acordo está próximo, mas não apagará os problemas dos últimos meses, quando a cidade de 150 mil habitantes, a 380 km de Toronto, viu episódios de violência e processos judiciais mútuos que transformaram a empresa em símbolo local de "ganância corporativa".
Essa já é a mais dura greve da história de Sudbury, que explora níquel desde o fim do século 19 e está acostumada a ver disputas trabalhistas movidas pelo braço local do forte sindicato internacional Metalúrgicos Unidos (USW).
Na última semana, a frustração pelo rompimento da enésima rodada de negociações levou os grevistas a descontar na imprensa e até na própria liderança, ambas ameaçadas aos berros em reunião na quarta passada.
Apenas em um ponto todos concordam: ninguém aguenta mais ficar parado.
"Não temos mais esperança. A sensação é que perdemos o controle de nossas vidas", disse à Folha Craig Thompson, 38, mineiro que fazia piquete em frente à Mina Sul da Vale em Sudbury na última quarta.

PROMESSA
A Vale adquiriu a mineradora Inco em Sudbury no fim de 2006 -segundo o sindicato, prometendo não fazer grandes mudanças.
A greve começou em julho de 2009, quando 3.000 funcionários protestaram contra propostas de renegociação de contratos coletivos.
Estavam em jogo alterações nos planos de aposentadoria e em um bônus atrelado ao preço do níquel. A Vale diz ter de fazer mudanças para manter a sustentabilidade da subsidiária, após o fim de superciclo do níquel que levou o preço a recordes em 2008.
Mas o sindicato não se convence: insiste em que a empresa lucrou mais de US$ 13 bilhões, US$ 4,1 bilhões só na Província de Ontário, nos dois primeiros anos após a compra das minas locais.
Sindicato e empresa dizem já ter negociado os pontos financeiros de discórdia.
O fim da greve está pendente apenas da decisão sobre como processar nove funcionários demitidos por infrações na paralisação. A Vale diz que está elaborando estratégias para diminuir a animosidade na volta, mas algumas polêmicas ainda deverão repercutir.
Uma delas é devido aos chamados "fura-greve", temporários contratados neste ano para retomar operações.
Alguns supostamente apanharam na rua de membros do sindicato, que divulga os nomes dos temporários em cartazes ilustrados com ratos para encorajar retaliações.

FOLHA.com
Leia entrevista com Ken Neumann, do sindicato internacional Metalúrgicos Unidos
folha.com.br/me761209


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