São Paulo, quarta-feira, 03 de agosto de 2011

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Inadimplência prejudica lucro do Itaú

Aumento de operações em atraso e de provisões para calotes desagrada a investidores; ações têm queda de 5,7%

Micro e pequenas empresas puxam elevação de índice; lucro cresce 2% no segundo trimestre

GIULIANA VALLONE
DE SÃO PAULO

O aumento da inadimplência das micro e pequenas empresas e, consequentemente, das provisões para calotes no Itaú Unibanco prejudicou o resultado do banco no segundo trimestre.
A instituição financeira teve lucro líquido de R$ 3,603 bilhões de abril a junho, 2,1% acima do primeiro trimestre -na comparação com o mesmo período de 2010, a alta foi de 13,8%. No semestre, o ganho chegou a R$ 7,1 bilhões.
O resultado, porém, ficou abaixo da expectativa pelo mercado.
Além disso, o lucro recorrente (que desconsidera os chamados efeitos extraordinários) caiu 8,8% na comparação com o primeiro trimestre (para R$ 3,317 bilhões).
As ações preferenciais do banco terminaram o dia em queda de 5,74%: "2011 é um ano mais difícil para o setor financeiro, com as medidas para conter o crédito e o aumento da inflação", afirma João Augusto Salles, da consultoria Lopes Filho.

MAIS ATRASOS
A inadimplência total da carteira de crédito -que considera as operações com atraso acima de 90 dias- do Itaú subiu de 4,2% em março para 4,5% em junho, puxada, principalmente pela elevação do índice entre as pessoas jurídicas, de 3,1% para 3,5%.
A instituição atribui o aumento à alta de atrasos em operações com micro e pequenas empresas.
"Essas empresas são o segmento mais sensível do crédito, sofrem mais com a inflação, com o menor ritmo de crescimento da atividade", diz Salles.
Por conta disso, as despesas com provisões para calotes aumentaram 16,6% no segundo trimestre (na comparação com o primeiro), para R$ 5,1 bilhões. As perdas com crédito cresceram 15,2%, chegando a R$ 4,1 bilhões.
O saldo total dessas provisões ficou em R$ 23,8 bilhões em junho, 6,9% mais que no primeiro trimestre. O percentual supera a elevação da carteira de crédito do banco no período, de 4,4%. Os financiamentos chegaram a R$ 360,1 bilhões em junho, incluindo avais e fianças.
"Ocorreu exatamente aquilo que nós tínhamos previsto havia três meses, quando afirmamos que existiam no indicador de inadimplência de curto prazo sinais de elevação", disse Rogério Calderón, diretor corporativo de Controladoria do Itaú.
Para ele, é possível que ainda haja um aumento nos índices neste trimestre, mas nada significativo: "E aí a gente espera estabilidade mais para o fim do ano".
Os outros dois grandes bancos que já divulgaram seus resultados no trimestre, Bradesco e Santander, também relataram aumentos nos níveis de inadimplência.
No Bradesco, o índice total passou de 3,6% para 3,7%, enquanto no Santander o aumento foi maior, de 4% para 4,3% no trimestre.
No sábado, a Folha mostrou que os bancos privados puxaram a alta da inadimplência desde dezembro.


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