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Negócio aponta novo protagonista global
Expansão da economia brasileira cria classe de prósperos empreendedores sem medo de investir fora do país
Muitos dos novos ricos brasileiros são pessoas de origem mais rústica, seguindo um modelo familiar aos americanos
Scott Olson/France
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Lanchonete da Burger King nos EUA; rede apresenta pior desempenho que o McDonald's
LARRY ROHTER
DO "NEW YORK TIMES"
A oferta de aquisição do
Burger King apresentada ontem por um grupo de investimento de capital brasileiro,
assim como a aquisição da
Anheuser-Busch (há dois
anos e envolvendo alguns
dos mesmos investidores), é
uma dessas transações emblemáticas que parecem simbolizar o surgimento de um
novo protagonista nos negócios mundiais.
Mas isso era previsível já
há um bom tempo. O crescimento da economia brasileira nos últimos anos criou toda uma classe de prósperos
empreendedores em busca
de oportunidades de investir
suas fortunas e que não se
deixam assustar pela ideia de
tentar a sorte além das fronteiras brasileiras.
Tradicionalmente, os negócios brasileiros sempre foram dominados por uma elite muitas vezes cautelosa, radicada em São Paulo, o polo
industrial e financeiro do
país. Mas a disparada econômica dos dez últimos anos
mudou o quadro.
Segundo o Boston Consulting Group, entre 2006 e 2008
o número de milionários brasileiros subiu em quase 70%,
de 130 mil para 220 mil. É um
dado estatístico notável.
Com cerca de um sexto da
população da Índia, outro
membro dos Brics, o Brasil
abriga mais milionários que
o país asiático. E o clube dos
bilionários, ainda mais exclusivo, também vem crescendo em ritmo sem precedentes no Brasil.
Jorge Paulo Lehman, figura importante na aquisição
da Anheuser-Bush e na oferta pelo Burger King, é um
executivo de investimento
bem preparado, educado em
Harvard, filho de imigrantes
suíços. Mas muitos dos novos ricos brasileiros são pessoas de origens mais rústicas
e enriqueceram depois de começar a vida humildemente,
seguindo um modelo bastante familiar aos americanos.
A companhia de aviação
TAM, que em agosto anunciou fusão com a LAN Chile e
se tornará a maior empresa
do setor na América Latina,
foi criada nos anos 70 como
uma modesta empresa de
carga aérea.
A força propulsora no caso
da TAM foi Rolim Amaro, um
antigo piloto de origem humilde e que comandou a empresa de maneira ousada e
astuta até morrer em acidente de helicóptero em 2001.
FRIBOI
Mas talvez o mais intrigante e dinâmico dos novos empresários brasileiros seja
Joesley Batista, que começou
a trabalhar ainda menino no
açougue do pai, em Goiás, e
hoje comanda a JBS-Friboi, a
maior empresa global de processamento de carne.
Quando o Brasil passou
por uma crise cambial, em
1998 e no começo de 1999,
Batista e seus irmãos entenderam o momento não como
ameaça, e sim como oportunidade de ganhar o mercado
de exportações, e obtiveram
empréstimos no BNDES para
colocar a ideia em prática.
Capital adicional foi levantado por uma oferta pública
inicial de ações e, em 2007, a
JBS-Friboi tomou o controle
da Swift, outra marca americana conhecida. Em 2009,
acrescentaram a Pilgrim's
Pride à sua lista, e isso ajudou sua empresa a superar a
Tyson Foods e chegar à liderança no mercado mundial
de processamento de carne.
Além disso, o hoje bilionário Joesley Batista afirmou
que superar a Tyson Foods
era apenas "o primeiro passo" de uma estratégia mais
ampla que envolve fazer da
JBS-Friboi uma potência
também no ramo de leite e laticínios. Com isso, como prever o que pode acontecer?
Uma coisa fica clara, no
entanto: o domínio brasileiro
sobre todas as etapas do setor mundial de carne. O país
já é o maior exportador mundial de carne bovina e agora,
com a oferta pelo Burger
King, disporá de mais um
veículo para encorajar o consumo em todo o mundo.
Isso é que é sinergia.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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