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Investidor questiona edital do trem-bala
Temor é em relação aos critérios de transferência de tecnologia previstos; assunto foi discutido com o governo
Governo diz que não pretende mudar as regras que já foram divulgadas e que dúvidas serão sanadas
DIMMI AMORA
DE BRASÍLIA
Os investidores estrangeiros interessados na licitação
do trem-bala ligando Campinas-São Paulo-Rio estão com
receio dos critérios de transferência de tecnologia previstos no edital. O assunto foi
discutido novamente ontem
com representantes do governo, que não pretende mudar as regras já divulgadas.
Na primeira reunião, realizada em agosto, representantes de empresas do Japão
e da França questionaram os
critérios do edital. O governo
quer que o vencedor do leilão
transfira de graça toda a tecnologia de construção da via
e dos aparelhos.
O Brasil ainda quer ter direito de repassar a agentes locais licenças de uso da tecnologia sem remunerar a desenvolvedora.
E não quer limites para uso
do conhecimento, podendo
concorrer com o próprio desenvolvedor em qualquer
concorrência no mundo, exceto no país de origem.
No mercado, as condições
brasileiras estão sendo chamadas de leoninas.
O superintendente-executivo da ANTT, Hélio Mauro
França, afirmou que não há
reclamações sobre a transferência de tecnologia e que as
dúvidas estão sendo sanadas. Segundo ele, nenhum
consórcio se opõe à transferência, mas todos querem
mais informações sobre os
termos. Para ele, a maior
preocupação dos participantes é com os índices de nacionalização do projeto.
Só os EUA pretendem
construir nos próximos anos
11,5 mil km de linhas de trem-bala. O principal projeto
americano, na Califórnia, é
de 3.100 km, está orçado em
R$ 73,5 bilhões e tem obras
previstas para 2012.
O projeto brasileiro é de 511
km, com possibilidade de
mais 1.500 km nos próximos
anos em três linhas novas.
A vencedora do leilão do
trem-bala no Brasil teria que
dar a sua tecnologia à empresa pública que o governo pretende criar e não poderia impedir que a estatal brasileira
concorresse com ela nos
EUA, por exemplo.
Há no mundo hoje quatro
tecnologias originais de trens
de alta velocidade: japonesa,
francesa, alemã e canadense.
Chineses, espanhóis e coreanos importaram algumas
dessas tecnologias com restrições de uso e, depois, informaram que desenvolveram seus próprios produtos.
Os sete têm interesse no
trem-bala nacional.
Outra preocupação dos
concorrentes na reunião de
agosto foi com os critérios de
financiamento.
Pelo projeto, o BNDES vai
financiar até R$ 19,9 bilhões
ou 60% (o que for menor) dos
R$ 33,1 bilhões previstos. O
leilão está marcado para o
fim de novembro e, sem os
critérios, não há como fazer
as contas para saber se o projeto é viável. Mas até hoje o
BNDES não apresentou os
critérios do empréstimo.
Os interessados também
pediram esclarecimentos sobre a estação no campo de
Marte, centro de São Paulo.
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