São Paulo, terça-feira, 04 de janeiro de 2011

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ANÁLISE/AGRICULTURA

Governo precisa planejar o apoio ao milho em 2011

LEONARDO SOLOGUREN
ESPECIAL PARA A FOLHA

Apesar de o mercado de milho ter encerrado 2010 com um cenário otimista do ponto de vista de preços e de demanda internacional, no país os desafios para 2011 permanecem grandes.
A queda na área plantada na safra de verão 2010/11, aliada aos bons resultados das exportações no ano passado, gera um quadro de suporte aos preços neste primeiro semestre de 2011.
No entanto, para que os preços se sustentem nos seis meses seguintes, haverá novamente a necessidade de o Brasil exportar um volume significativo de milho.
Nesse contexto, o desafio permanece grande, porque diante da atual conjuntura cambial não há uma competitividade natural para as exportações brasileiras de milho, especialmente quando o foco principal é a região Centro-Oeste do país.
Mais uma vez, a intervenção governamental se fará necessária para a geração de liquidez na comercialização da segunda safra de milho.
Até o momento, pouco se tem discutido sobre essa necessidade de intervenção em 2011. Como os preços do milho reagiram, cria-se a falsa ilusão de que o mercado não apresenta riscos do ponto de vista de garantia de rentabilidade no campo.
O fato é que o volume produzido na segunda safra no Centro-Oeste é maior do que a necessidade de consumo regional.
Por essa razão, a necessidade de suporte governamental para o escoamento da safra torna-se importante, já que o alto custo logístico impede o trânsito competitivo do grão entre as regiões de produção e consumo, incluindo-se aí os portos.
A ausência de um planejamento estratégico para o agronegócio -problema que não se restringe apenas a essa esfera produtiva- tem gerado custos adicionais às cadeias de produção agrícolas.
A dificuldade de escoamento do grão encarece os custos de armazenamento e restringe a liquidez, o que impacta diretamente as cotações dos produtos.
Como consequência, a rentabilidade do produtor é afetada e, caso os preços não compensem os custos, haverá a necessidade de rediscutir o pagamento das dívidas.
Em 2011, temos sinais claros de preços interessantes no mercado internacional, seja pela sustentação de demanda ou pela proteção monetária em virtude da desvalorização do dólar.
Para aproveitar o ambiente externo favorável, o foco de uma política de apoio à comercialização deveria ser a exportação.
O intuito de uma ação estratégica governamental voltada para o mercado externo seria elevar a participação do Brasil no trading global e evitar uma possível queda de rentabilidade em consequência da queda do dólar, que escancara a ineficiência logística brasileira.
Mas essa discussão ainda não está sendo abordada. Caso o país não atente para essa necessidade, o segundo semestre de 2011 pode ser mais estressante do que efetivamente deveria ser.

LEONARDO SOLOGUREN é engenheiro agrônomo, mestre em economia e sócio-diretor da Clarivi.


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