São Paulo, sexta-feira, 04 de junho de 2010

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ANÁLISE AÇÚCAR

Nas exportações do país, produto brilha como ouro branco

PLINIO NASTARI
ESPECIAL PARA A FOLHA

O Brasil é o maior produtor e exportador mundial de açúcar, com volume de 24,3 milhões de toneladas, respondendo, em 2009, por 46,5% do mercado livre mundial. Isso muito mudou nos últimos 20 anos.
Em 1989, quando foi extinto o monopólio estatal na exportação de açúcar, as vendas externas somavam apenas 1,05 milhão de toneladas e representavam 4,2% do mercado livre mundial.
Dois grandes fatores contribuíram para essa expansão. O primeiro: a falência do sistema de produção de Cuba, que, no seu auge, em 1969, chegou a produzir mais de 8,5 milhões de toneladas e tinha como mercado preferencial a ex-URSS, que remunerava o produto bem acima do preço mundial.
O colapso da URSS a partir do final de 1991 minou a indústria cubana, que definhou lentamente a ponto de, em 2009, produzir apenas 1,27 milhão de toneladas.
O segundo: a bem-sucedida ação do Brasil na OMC (Organização Mundial do Comércio) contra as exportações subsidiadas de açúcar de beterraba por parte da União Europeia.
Em 2005, a União Europeia exportou 7,56 milhões de toneladas, mas, após a implementação das decisões do Órgão de Solução de Controvérsias da OMC, passou a ser importadora líquida de 1,7 milhão de toneladas.
O Brasil tem uma participação dominante no mercado externo, com apenas 28,4% de sua produção de cana destinada a açúcar para exportação. O etanol de exportação, que atende a mais de 90% do mercado livre, representa somente 7% da produção de cana.
Portanto, com pouco mais de um terço da sua produção total, o Brasil é, por larga margem, o maior fornecedor mundial de açúcar e de etanol. Por esse motivo, qualquer coisa que afete os dois terços consumidos internamente tem impacto amplificado no mercado externo.
Os maiores destinos do açúcar brasileiro são, por importância, Índia, Rússia, Emirados Árabes Unidos, Bangladesh e Nigéria.
No futuro, os destinos tendem a se concentrar cada vez mais na Ásia e no norte e no oeste da África, onde o consumo anual per capita ainda é baixo -respectivamente, 17,5 e 16,4 quilos, mas está em acelerado aumento -a média mundial é 24,5 quilos.
O consumo mundial cresce 2,5% ao ano, ou 4 milhões de toneladas.
Em 2009, as exportações de açúcar geraram US$ 8,38 bilhões em divisas ao Brasil, e as de etanol, outro US$ 1,34 bilhão. Somadas, representaram 15% das exportações do agronegócio nacional.
Mais uma vez na história brasileira é a exportação de commodities -agrícolas e minerais- que tem viabilizado a importação de bens de capital e intermediários necessários à expansão do produto potencial. Nesse contexto, o açúcar tem brilhado como ouro branco.


PLINIO NASTARI é presidente da Datagro Consultoria e responsável pelos estudos usados no contencioso do açúcar contra a União Europeia.


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