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Comparado a EUA, poder de compra retrocede
Diferença na renda entre brasileiros e americanos é maior hoje que há 30 anos
PIB per capita do país equivale a 22,7% do americano (em 1980, era 30,5%); asiáticos reduziram diferença
ÉRICA FRAGA
DE SÃO PAULO
O Brasil teve crescimento
econômico maior que o dos
Estados Unidos nos últimos
seis anos. Cerca de 19 milhões de pessoas deixaram
de viver na pobreza entre
2003 e 2008.
Ainda assim, a enorme diferença de nível de renda que
separa brasileiros e norte-americanos é maior agora do
que em 1980.
O PIB (Produto Interno
Bruto) per capita do Brasil
medido em PPC (paridade do
poder de compra; veja box ao
lado) era de US$ 10.514 em
2009, equivalente a 22,7% do
mesmo indicador para os Estados Unidos.
O percentual módico aumentou em anos recentes,
mas segue menor que os
30,5% registrados em 1980,
segundo dados do FMI (Fundo Monetário Internacional).
Ou seja, em termos relativos,
os brasileiros são mais pobres que os norte-americanos hoje do que há 30 anos.
A tendência brasileira e de
outras economias latino-americanas grandes, como a
argentina e a mexicana, contrasta fortemente com o que
ocorre em alguns países asiáticos, onde o nível de renda
vem convergindo para padrões de nações desenvolvidas a um ritmo rápido.
SUCESSO COREANO
A Coreia do Sul é um exemplo marcante. Era quase tão
pobre em relação aos Estados Unidos em 1980 quanto o
Brasil é hoje: o PIB per capita
em PPC do país equivalia a
18,8% do norte-americano
naquele momento. Mas esse
percentual saltou para
60,3% no ano passado.
O país asiático tem passado por um processo chamado convergência econômica,
que prevê que o nível de renda de nações pobres deve
gradualmente se aproximar
do padrão mais alto de rendimentos de países avançados
à medida que os primeiros se
desenvolvam.
A principal explicação para as diferentes trajetórias
entre Brasil e Coreia está ligada à capacidade de sustentar
uma taxa relativamente alta
de crescimento econômico
por um período longo.
O Brasil cresceu fortemente nos anos 60 e 70, depois
passou por duas décadas comumente descritas como
perdidas em termos de expansão sustentável do PIB e,
desde o início dos anos 2000,
iniciou nova recuperação.
Já a Coreia do Sul cresceu
fortemente e de maneira sustentada nas últimas cinco décadas.
PRODUTIVIDADE
Segundo José Márcio Camargo, economista da Opus
Gestão de Recursos e professor da PUC-RJ, a convergência econômica ocorre normalmente depois de um período de forte crescimento de
produtividade (medida importante de eficiência de
uma economia).
Isso depende de investimentos em capital físico (máquinas e equipamentos) e
humano (educação).
Ele ressalta que tem havido no Brasil progressos em
termos de investimento em
capital físico e avanços regulatórios no mercado de crédito (o que aumenta o acesso
de pessoas físicas e jurídicas
a financiamentos).
Esses são fatores positivos
do ponto de vista de perspectivas de maiores ganhos de
produtividade. Mas há outros fatores limitadores do
crescimento de longo prazo:
"A principal razão para a
convergência mais lenta do
Brasil é o investimento ainda
baixo em educação, o que limita o crescimento de longo
prazo", diz Camargo.
Já a Coreia do Sul, lembra
o economista, investiu fortemente tanto em educação
quanto em capital físico por
muitos anos.
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