São Paulo, quinta-feira, 04 de agosto de 2011

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ANÁLISE

Juro alto dificulta a busca de novos financiadores

ANA MARIA CASTELO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Os números do primeiro semestre mostraram que as projeções de crescimento do crédito imobiliário poderão ser superadas: o volume poderá ser superior a R$ 120 bilhões.
O crédito contratado com recursos da poupança deverá responder pela maior parte desse crescimento.
Como os saques nas cadernetas de poupança superaram os depósitos realizados no semestre, os números continuam a mostrar que, para sustentar a expansão dos últimos anos, novas fontes de recursos terão que ser trazidas ao mercado.
Nos últimos anos, várias medidas promoveram um aperfeiçoamento do marco regulatório do financiamento que permitiu uma grande expansão de outras fontes.
Assim, a captação via Fundos de Investimentos Imobiliários ou Certificados de Recebíveis Imobiliários cresceu em 2010 e continua se fortalecendo em 2011.
E os números chineses da expansão imobiliária doméstica têm atraído o interesse de um número cada maior de investidores estrangeiros.
Vale lembrar também que em 2011 tem ganhado força entre os bancos a ideia de criação dos "covered bonds", um título emitido pela própria instituição a partir dos recebíveis gerados pelos empréstimos habitacionais e que se configuraria em nova fonte de recursos.
No entanto o financiamento habitacional continua dependente de duas fontes: o FGTS e a poupança.
A maior dificuldade em alterar esse quadro está no custo de captação dos recursos.
A taxa de juros alta -e ainda em elevação- faz com que as alternativas tenham custos bem superiores aos das fontes tradicionais.
Os juros efetivos dos empréstimos habitacionais com origem nos recursos da poupança e do FGTS dependem da renda do comprador e do valor do imóvel e podem variar de 5,19% a 11,5%.
Portanto, o FGTS, que garante 3% mais TR ao trabalhador, e a poupança, com um rendimento de 6% mais TR, continuam imprescindíveis para viabilizar a compra da casa própria para grande parte das famílias.

ANA MARIA CASTELO é economista e coordenadora da FGV.


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