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Lucro dos bancos federais cresce 72%
Avanço do segundo trimestre em relação a igual período de 2009 reflete a ênfase dada ao crédito, dizem analistas
Ganho dos bancos privados cresceu 26% no período, o que reduziu a diferença de ganho entre os setores
EDUARDO CUCOLO
DE BRASÍLIA
O lucro dos cinco bancos
públicos federais cresceu
72% no segundo trimestre
de 2010 -de R$ 6,1 bilhões
para R$ 10,5 bilhões- em relação ao mesmo período
do ano passado.
Esse foi o resultado mostrado pelo levantamento da
Folha feito com base em dados do Banco Central.
No mesmo período, o lucro de 122 bancos privados
avançou 26% -de R$ 13,8 bilhões para R$ 17,4 bilhões.
Com isso, a diferença de ganho caiu pela metade em termos percentuais.
Para analistas, esse resultado reflete a estratégia dos
bancos federais de manter o
ritmo forte de liberação de
crédito, mesmo após a crise
de 2009, e o grande volume
de recursos públicos injetados nessas instituições nesses dois anos.
Isso pode ser visto também no crescimento da carteira de crédito dos bancos
federais, que foi praticamente o dobro do registrado entre as instituições privadas
no período.
LIMITE
Os números mostram que
essa expansão deixou as instituições federais novamente
próximas do limite de mínimo de capital exigido pelo
BC, o que levou à necessidade de novas capitalizações.
O Banco do Brasil, por
exemplo, realizou em julho
uma oferta de ações na qual
levantou quase R$ 10 bilhões, com governo e investidores privados. A Caixa Econômica Federal recebeu
R$ 8,5 bilhões do governo federal desde o final de 2009.
No caso do BNDES, houve
a liberação de mais R$ 80 bilhões para aumentar os recursos para empréstimos.
Em relação aos ativos, o indicador mais usado para medir o tamanho das instituições, os bancos federais cresceram 30%, acima dos 12%
do setor privado.
Se forem consideradas
apenas as 79 instituições
com controle nacional (excluindo os bancos estrangeiros que atuam no Brasil), os
ativos públicos já superam os
privados com uma folga superior a 10%.
Para o economista João
Augusto Salles, da consultoria Lopes Filho, os bancos federais tiveram bons resultados, apesar de terem assumido riscos em 2009 para manter o crescimento do crédito.
Esse fator, somado à política de fortalecer empresas estatais, levou o governo a reforçar essa ação neste ano,
com o repasse de mais recursos do Tesouro aos bancos,
apesar da piora das contas
públicas.
Como houve melhora no
cenário econômico, e uma
consequente redução nas
provisões contra inadimplência, essas instituições
obtiveram lucros ainda
maiores neste ano.
Salles diz, porém, que não
há como sustentar essa política por mais um ano sem levar a uma deterioração ainda
maior das contas públicas.
"Até o fim de 2010, os bancos públicos vão manter o pé
no acelerador, mas, em 2011,
a fonte seca. O governo não
tem fôlego fiscal para continuar injetando recursos nessas instituições. Em 2011, os
bancos privados voltam."
INFRAESTRUTURA
Segundo o economista
Luis Miguel Santacreu, da
Austin Rating, a volta dos
bancos privados ao mercado
é fundamental para garantir
o financiamento das grandes
obras de infraestrutura, que
incluem ainda os projetos da
Copa do Mundo e da Olimpíada do Rio.
Isso dependerá, segundo
ele, do sucesso do pacote que
está sendo preparado pelo
governo para desonerar e incentivar o crédito de longo
prazo.
"Sem isso, podemos cair
no problema de ter bancos
públicos esgotados na sua
capacidade de crescimento
do crédito e bancos privados
sem incentivo para dar recursos de longo prazo", disse
Santacreu.
O levantamento do BC
também mostra que os cem
maiores bancos do país lucraram R$ 24,7 bilhões no segundo semestre de 2010.
No mesmo período do ano
anterior, o lucro somou
R$ 19,3 bilhões.
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