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Venezuela pode ficar sem uísque e serviços de celular
Dificuldade em obter dólares preocupa importadores e empresas; taxa de câmbio é controlada pelo governo Chávez há sete anos
David Fernández - 09.jan.10/Efe
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Notas de dólar e de bolívar (moeda venezuelana); controle do câmbio leva à falta de divisas
FLÁVIA MARREIRO
DE CARACAS
A dificuldade de importadores e empresas de obter
dólares na Venezuela ameaça afetar o consumo de duas
paixões locais: o uísque e os
serviços de celular, como
aplicativos para BlackBerry.
A Venezuela controla o
câmbio desde 2003, mas a situação piorou em maio,
quando o governo fechou o
"dólar permuta", única divisa que flutuava e a qual recorriam importadores de
produtos considerados não
prioritários ou empresas com
necessidade de dólares.
O "dólar permuta" foi
substituído por um sistema
operado pelo banco central,
mas a oferta de divisas está
em torno de US$ 26 milhões
por dia -a modalidade anterior negociava até US$ 80 milhões.
TELEFONIA
Nesta semana, a Movistar,
filial da Telefónica no país,
anunciou o corte de serviços
de roaming em 13 países.
Já a Câmara de Empresas
de Serviços de Telecomunicações faz lobby para o governo liberar dólares no BC
ou na restrita Comissão de
Administração de Divisas.
A telecomunicação é um
dos únicos setores que crescem, enquanto o país tem o
segundo ano de recessão.
A possibilidade de problemas nos serviços de celulares, inclusive BlackBerry, é
um problema para o governo, que enfrenta eleições legislativas em 26 de setembro.
A Venezuela é o quarto
maior mercado mundial para
BlackBerry, e cerca de 7%
dos usuários têm telefone inteligente - o dobro do Brasil.
Ante a míngua de dólares,
o governo lançou em agosto
US$ 3 bilhões em bônus da
dívida pública, com vencimento em 2022. E o mercado
espera ansioso a emissão de
US$ 2 bilhões em bônus da
PDVSA, a estatal do petróleo.
Mesmo assim, analistas dizem que pode não ser suficiente para abastecer os importadores.
UÍSQUE E IMPORTAÇÃO
Uma das maiores redes de
venda de bebidas da Venezuela, a Prolicor afirma que
pode faltar uísque no Natal.
Numa das 103 lojas da rede, uma gerente afirma que
há quatro semanas não recebe pedidos de uísque.
Com 28 milhões de habitantes, a Venezuela é o maior
consumidor de uísque da
América Latina e o sexto no
mundo, segundo a Associação de Whisky Escocês, apesar da desaprovação de Chávez à bebida "burguesa".
"A Venezuela viveu um
período de altíssimo consumo. Até 2008, pensavam que
as divisas eram sem limites",
diz Fernando Portela, da Câmara Venezuelana-Brasileira de Comércio.
Segundo ele, a falta de divisas afeta também a importação de celulares da Zona
Franca de Manaus. "Há três
anos, eram importados
US$ 600 milhões, e hoje, US$
90 milhões."
Marginal no comércio com
a Venezuela -majoritariamente de alimentos-, franquias brasileiras como Boticário ou Alpargatas também
passaram a ter problemas.
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