São Paulo, domingo, 04 de setembro de 2011

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Banda larga ruim desafia Netflix no Brasil

Direitos de transmissão de filmes também são entraves para a maior locadora on-line, que chega amanhã ao país

Dos 42 milhões de usuários de internet, menos de 6% têm infraestrutura razoável para ver vídeos on-line


CAMILA FUSCO
DE SÃO PAULO

Maior serviço de assinatura de vídeos on-line do mundo, o americano Netflix desembarca no Brasil com uma lista de desafios para conseguir se consolidar no país.
O serviço, que será anunciado amanhã, prevê assinatura da transmissão on-line ("streaming") de filmes e séries. A expectativa é que a mensalidade custe em torno de US$ 8, ou R$ 13, padrão esperado para países latinos.
Lidar com a qualidade limitada das conexões à internet em banda larga está entre as questões mais críticas.
"Para o serviço de transmissão on-line de vídeo funcionar de forma razoável são necessárias velocidades reais de 800 kilobits por segundo (Kbps) e apenas uma pequena parte dos usuários chega a esse patamar hoje", diz Cristiano Zaroni, diretor-geral da consultoria Frost & Sullivan.
Atualmente, menos de 6% dos cerca de 42 milhões de usuários residenciais de internet têm velocidade compatível com vídeos, o que limita o potencial de clientes.
"Hoje apenas usuários dos grandes centros já conseguem ter acesso à internet em fibra óptica e ainda pagam entre R$ 200 e R$ 300, o que está longe de caber no bolso da maioria", diz Zaroni.

DIREITOS AUTORAIS
Negociar a extensão dos direitos dos filmes internacionais para transmissão no país também é desafio.
Segundo a Folha apurou, até o fim de agosto o Netflix tinha conseguido negociar o direito de apenas 20% dos seus 18 mil títulos para "streaming", ou 3.600 filmes.
Incorporar o conteúdo de canais a cabo deverá ser outra frente de batalha.
Na semana passada, nos EUA, a operadora de TV Starz decidiu não renovar seu contrato e, com isso, a locadora on-line deixará de veicular a partir de 2012 conteúdos da Sony e da Disney.
Especialistas afirmam que a operadora de TV ainda considera o Netflix uma ameaça à sua rentabilidade, o que deverá se repetir por aqui.

CONCORRÊNCIA
Principal concorrente do Netflix no país, a Netmovies tem no serviço de assinatura de DVDs um de seus trunfos.
"Como a qualidade de banda larga é um entrave, há espaço para o serviço de distribuição física, além da chance de investir em lançamentos que estreiem primeiro nos DVDs", diz Daniel Topel, presidente da Netmovies.
Com 35 mil títulos em DVDs, a empresa está em 93 cidades. O "streaming" tem 4.000 filmes. As assinaturas vão de R$ 9,90 a R$ 15,90.
Outra tática da Netmovies é ampliar a presença em equipamentos eletrônicos. Segundo a Folha apurou, a Netmovies desbancou o Netflix na negociação pela exclusividade de aplicativo no novo tablet da Samsung, o Tab 10.1.
A Netmovies será a única empresa a ter seu software já instalado de fábrica no tablet e em alguns telefones Android para vídeo on-line.
A derrota é um sinal claro de que a exploração do mercado brasileiro poderá não ser tão fácil como o Netflix imaginava.
Nem Netmovies nem Samsung comentaram a parceria.


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