|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
"Guerra cambial" exige atenção do brasileiro
Compra fracionada de dólar dilui risco cambial
TONI SCIARRETTA
DE SÃO PAULO
Brasileiros com viagem
marcada para o exterior, plano de fazer intercâmbio, estudar fora ou que tenham dívidas em dólares precisam
tomar cuidado com a taxa de
câmbio, que pode ter solavancos nas próximas semanas, segundo especialistas.
Após descer na sexta a
R$ 1,68, menor nível em dois
anos, o dólar pode voltar a
subir -mesmo que momentaneamente- se o governo
cumprir a ameaça de intervir
pesado no câmbio por meio
do Fundo Soberano ou de
elevar IOF para estrangeiros.
Mas isso se a enxurrada de
recursos estrangeiros ao Brasil não aumentar ainda mais,
marcando novo "fundo do
poço" para o dólar e impondo outro fracasso às tentativas de inverter os fluxos
mundiais de capital.
Diante da imprevisibilidade do resultado daquilo que
o ministro Guido Mantega
(Fazenda) chamou "guerra
cambial", especialistas recomendam que a pessoa "exposta" ao risco cambial comece, o mais cedo possível, a comprar a moeda americana
em pequenas quantidades.
As compras devem ocorrer
durante o tempo que ainda
falta para a pessoa viajar ou
utilizar o dinheiro.
PREÇO MÉDIO
A ideia é fazer um preço
médio mais estável, que
equilibre tanto cenários de
alta como de baixa do dólar.
Se a intervenção do governo der certo e a moeda americana chegar a R$ 1,80, a pessoa vai ter comprado parte
dos dólares a R$ 1,68,
R$ 1,70, R$ 1,72 etc. Na média, terá ficado com preço inferior ao que compraria mais
tarde a preço de mercado.
Por outro lado, se as intervenções derem errado e taxa
de câmbio cair para R$ 1,50, a
pessoa ainda conseguirá
comprar parte do precisa
com um preço favorável.
Em ambos os casos, não
fará o melhor negócio do
mundo; mas também não
sairá perdendo muito dinheiro com a variação cambial.
O consultor Mauro Halfeld, professor da Universidade Federal de Santa Catarina, aprova a estratégia do
preço médio, mas sugere que
a pessoa compre mais dólares agora para aproveitar o
preço historicamente baixo
da moeda americana.
"Quem mantém relações
com os EUA tem um poder de
compra alto. É uma oportunidade para viajar, fazer intercâmbio, aprender inglês, fazer uma pós-graduação e investir na formação", disse.
Para Fabio Colombo, administrador de investimentos pessoais, a estratégia do
preço médio é aconselhada
para as pessoas de perfil moderado, que não gostam de
assumir riscos demasiados.
Colombo sugere que a pessoa que pretenda, por exemplo, gastar US$ 6.000 daqui a
seis meses compre US$ 1.000
todos os meses até lá.
Se precisar do dinheiro daqui a um ano, pode fazer
compras de US$ 500 nos próximos 12 meses.
Aos mais conservadores,
Colombo sugere comprar
imediatamente a moeda, que
está com um preço bastante
bom. "O conservador compra tudo agora e se livra do
risco. Os mais agressivos podem deixar para a última hora, aproveitando para comprar com um preço ainda
mais baixo; mas também pode dar errado e ter de comprar tudo depois com um preço bem mais alto", disse.
Texto Anterior: Líder soma 35% em setembro Próximo Texto: Maria Inês Dolci: Consumidor foi esquecido na eleição Índice | Comunicar Erros
|