São Paulo, terça-feira, 04 de outubro de 2011

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ANÁLISE

Custos maiores e queda no consumo preocupam o setor de suco de laranja


ENTRE 2006 E 2011, PRODUZIR UMA CAIXA DE LARANJA CUSTOU MAIS 66%


MAURICIO MENDES
ESPECIAL PARA A FOLHA

A cadeia de produção de suco de laranja é uma das mais importantes e bem desenvolvidas da agroindústria mundial. O Brasil é líder absoluto no setor, tanto na produção como na industrialização e na logística para a distribuição mundial. A maior parte das análises das questões econômicas e financeiras é realizada com foco no segmento da produção da fruta, no elo agrícola.
Neste momento, porém, é necessário analisar as principais ameaças e preocupações com o olhar em toda a cadeia, desde a produção da laranja até o consumo do suco.
O consumo mundial de suco de laranja vem diminuindo desde 2003. Os países mais tradicionais, como os da América do Norte e da Europa, foram os que tiveram as maiores retrações.
O mercado tem mostrado que, a partir de determinado preço, o consumidor passa a comprar outras bebidas, como águas saborizadas e isotônicos, além de sucos de outras frutas.
Pelo setor agrícola, a preocupação tem sido como conter os custos. Nunca houve, como nos últimos anos, necessidade tão grande de recursos para controlar pragas e doenças na cultura.
A análise dos últimos cinco anos mostra que houve significativo aumento de custos na produção. Em 2006, para produzir uma caixa gastava-se em torno de R$ 6. Em 2011, cerca de R$ 10 -mais 66% (dados do Agrianual FNP).
Houve aumento em todos os itens, mas principalmente em mão de obra e insumos. O item controle fitossanitário aumentou mais pela mudança brutal do pacote tecnológico para proteção contra pragas e doenças do que pelo aumento do custo individual dos defensivos.
Em alguns setores, o elo seguinte da cadeia -a indústria- absorve os aumentos de custos do setor agrícola. Isso ocorre quando a indústria consegue repassar o aumento de custos para os segmentos à frente. Entretanto, devido à retração do consumo, engarrafadores e supermercados não têm tido espaço para repasse sem que o consumo caia, pois, como dito anteriormente, o mercado externo tem dado sinais claros de que diminui o consumo quando os preços passam um patamar -acima de US$ 2.700 por tonelada de suco concentrado (FOB Roterdã).
Assim, a indústria tende a não remunerar os aumentos de custos, tornando as margens dos produtores mais estreitas -e até negativas. As alternativas para a solução são, por parte da indústria, a busca por aumento do mercado, seja na recuperação do mercado perdido na Europa e nos EUA, seja no crescimento em mercados emergentes.
Os citricultores, por sua vez, devem manter a busca constante por adoção de tecnologias que proporcionem aumento de produtividade, tentando ainda fazer uma boa gestão de custos, e, por último, mas não menos importante, tentando otimizar as vendas de suas frutas.
MAURICIO MENDES é CEO da Informa Economics FNP, consultor do Grupo de Consultores em Citros e presidente da ABMR&A.


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