São Paulo, quinta-feira, 04 de novembro de 2010

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Sob dúvidas, BC americano lança pacote de estímulo de US$ 600 bi

Analistas questionam eficácia do plano de compra de títulos do Tesouro para reaquecer a economia

Com o pacote anunciado em agosto, aquisição de títulos dos EUA pelo Fed soma até US$ 900 bi até o 2º trimestre de 2011

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Com analistas reticentes sobre a eficácia do plano, o Fed (o banco central dos EUA) anunciou que vai comprar US$ 600 bilhões (cerca de 31% do PIB brasileiro e 4% do americano) em títulos do Tesouro para reestimular a maior economia mundial -e deixou aberta a possibilidade de ampliar o programa.
As Bolsas reagiram com cautela. A Bovespa subiu 0,5%, e o Dow Jones, em Nova York, 0,24%.
O alvo da medida é reduzir os juros de longo prazo (os de curto prazo já estão próximos de zero) e ajudar consumidores e empresas a conseguir taxas menores, movimentando a economia.
E aí surge a primeira dúvida: as grandes empresas já têm acesso a crédito barato, mas isso não se refletiu na aceleração da economia nem na queda do desemprego.
O desemprego americano está em 9,6%, o dobro de antes do início da recessão (no fim de 2007), e o avanço de 0,5% do PIB no terceiro trimestre foi insuficiente para derrubar a taxa.
O desemprego e a retomada da economia, além da inflação, estão no centro das preocupações do Fed.
O pacote de US$ 600 bilhões, diz a entidade, pretende "promover um ritmo mais forte da retomada econômica e ajudar a garantir que a inflação, ao longo do tempo, esteja em níveis compatíveis com o mandato [do Fed]".
Os preços são outra preocupação porque, com o ritmo fraco da economia, existe o risco de deflação, fazendo surgir o temor de que os EUA vão repetir o cenário vivido pelo Japão nos últimos anos.
A inflação ao consumidor, sem alimentos e energia (que têm preços mais voláteis), registrou em setembro a menor alta desde 1961 (0,8%).
É nesse cenário que entram os US$ 600 bilhões. A compra estará centrada em títulos com mais de quatro anos e vai durar até junho.
Além disso, o Fed vai continuar a investir na compra de títulos do Tesouro usando papéis lastreados em hipotecas que estão vencendo -como anunciou em agosto.
Juntos, os dois programas representam uma injeção de US$ 850 bilhões a US$ 900 bilhões aplicados em títulos do Tesouro.
Esta é a segunda rodada de compra de papéis pelo Fed. A primeira, de dezembro de 2008 a março de 2010, totalizou US$ 1,7 trilhão e serviu para estabilizar a economia.

RISCOS
Agora, porém, ela é recebida com reticência. Alguns economistas dizem que o estímulo para a economia será modesto, com os exportadores sendo beneficiados pela provável queda do dólar.
Outros alertam para a possibilidade de disparada da inflação e da criação de bolhas de ativos, especialmente nos mercados emergentes.
Para Joseph Stiglitz, Nobel de Economia, os EUA precisam de cortes de impostos e alta de gastos do governo.


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