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Fed impõe derrota ao Brasil na "guerra cambial", dizem analistas
Para especialistas, injeção de recursos nos EUA atrairá mais dinheiro ao país e desvalorizará dólar
Bolsas de Nova York e de São Paulo fecham pregão em alta; dólar recua no Brasil e
em relação ao euro
TONI SCIARRETTA
DE SÃO PAULO
A injeção de US$ 600 bilhões pode não levar o consumidor americano de volta
ao shopping no final do ano,
mas com certeza estimulará
os maiores fundos de hedge
do mundo a trazer ainda
mais dinheiro para o Brasil,
segundo analistas.
Para o país, a medida terá
como efeito nova rodada de
apreciação do real, impondo
mais uma derrota às tentativas do país de controlar o fluxo de capitais do exterior.
"Certamente, uma parte
desse dinheiro todo virá para
cá. Vai também para a China,
a África do Sul e demais países emergentes onde ainda
há oportunidade de ganho",
disse Alkimar Moura, ex-diretor do BC brasileiro.
De natureza inflacionária,
a injeção de dólares no mundo tem potencial para estimular alta da Bolsa e das
moedas globais, além de valorização de commodities e
de demais "ativos reais".
Todos esses mercados vêm
subindo desde meados da semana passada por conta da
expectativa da medida.
A própria China será impelida a estocar dinheiro em insumos e em produtos para se
"proteger" da desvalorização
do dólar americano.
"A medida cria otimismo
para o mercado financeiro
global, mas não promove
maior entusiasmo para as
perspectivas da economia
americana. Nos planos anteriores, o fluxo dos recursos
para a economia e para o crédito foram pífios, sendo desviados para aplicações no
mercado financeiro mundial.
Não aumentou a fluidez do
crédito nem a geração de empregos. Por que seria diferente dessa vez?", pergunta Sidnei Nehme, diretor da corretora NGO.
Para Alkimar Moura, no
entanto, o risco maior hoje
não é a inflação, mas uma
nova fase da crise econômica
do final de 2008.
"O Fed impediu o mundo
em 2008 de entrar em uma
depressão, mas a situação
ainda não está normal. Tanto
não está que precisou tomar
essa medida para aumentar
liquidez", disse.
REAÇÃO
Analistas veem a injeção
de recursos como a resposta
dos EUA à "guerra cambial",
que opõe nações desenvolvidas e emergentes.
Ontem, o euro subiu
0,64% e atingiu US$ 1,41.
O petróleo chegou próximo de US$ 85 o barril, terminando o dia a US$ 84,69,
com alta de 0,94%.
Já o ouro, que desde quinta havia subido 2,5% por conta da expectativa da medida,
recuou 1,4% ontem, para
US$ 1.337,60 a onça.
No Brasil, a Bovespa subiu
0,48%, para os 71.904,77
pontos. A expectativa é que o
Ibovespa passe hoje de 72
mil.
Nos EUA, a Bolsa de Nova
York subiu 0,24%.
O mercado de câmbio à
vista estava fechado quando
a medida foi anunciada nos
Estados Unidos. O dólar encerrou o dia a R$ 1,701, com
perda de 0,4%. Na BM&F,
que fecha mais tarde, o dólar
futuro (dezembro) reagiu ao anúncio, recuando 0,5%, para R$ 1,710.
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