São Paulo, quinta-feira, 04 de novembro de 2010

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Casa da Moeda do Brasil vai fabricar cédulas de cem pesos para a Argentina

GUSTAVO HENNEMANN
DE BUENOS AIRES

A escassez de "dinheiro vivo" na economia argentina obrigou o banco central do país a pedir ajuda à Casa da Moeda brasileira para fabricar cédulas de cem pesos.
A capacidade reduzida de produção local e a crescente inflação tornaram a medida inevitável para garantir o fluxo comercial. Os argentinos costumam usar dinheiro físico não só para compras cotidianas, mas também para transações maiores, como a compra de carros e imóveis.
Recentemente, o BC argentino já havia dado sinais de escassez ao reduzir a substituição de cédulas deterioradas e pedir que os bancos mantivessem os caixas eletrônicos sempre abastecidos.
A desvalorização do peso exige mais papel em circulação, mas a Casa da Moeda argentina opera hoje com sua capacidade máxima.
O BC argentino não revela a quantidade de cédulas que encomendou e diz que a medida é preventiva; as cédulas feitas no Brasil devem estar em circulação antes do fim do ano para garantir o fluxo de salários extras e o maior movimento comercial.
Nos últimos 12 meses, os preços aumentaram, em média, 24% e os alimentos, especificamente, 30%, conforme consultorias privadas. Os dados do governo, questionados interna e externamente, apontam inflação de 11% desde novembro passado.
Conforme a consultoria econômica Orlando J. Ferreres e Asociados, uma cédula de cem pesos hoje tem o mesmo poder de compra que tinham 27 pesos em 2001.
A baixa taxa de bancarização também pressiona a demanda por cédulas na Argentina, segundo o consultor econômico Fausto Spotorno. "Como o país usa dinheiro vivo para tudo, qualquer variação na inflação exige muito da Casa da Moeda, que historicamente tem uma capacidade limitada."
Segundo Spotorno, a Argentina já encomendou cédulas e moedas da Austrália, da Coreia do Sul e do Chile ao longo dos anos 1990.
Recentemente, um parlamentar da oposição propôs a criação de uma cédula de 200 pesos para compensar a inflação. O governo resistiu à ideia, para evitar um impacto político negativo.


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