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Casa da Moeda do Brasil vai fabricar cédulas de cem pesos para a Argentina
GUSTAVO HENNEMANN
DE BUENOS AIRES
A escassez de "dinheiro vivo" na economia argentina
obrigou o banco central do
país a pedir ajuda à Casa da
Moeda brasileira para fabricar cédulas de cem pesos.
A capacidade reduzida de
produção local e a crescente
inflação tornaram a medida
inevitável para garantir o fluxo comercial. Os argentinos
costumam usar dinheiro físico não só para compras cotidianas, mas também para
transações maiores, como a
compra de carros e imóveis.
Recentemente, o BC argentino já havia dado sinais
de escassez ao reduzir a substituição de cédulas deterioradas e pedir que os bancos
mantivessem os caixas eletrônicos sempre abastecidos.
A desvalorização do peso
exige mais papel em circulação, mas a Casa da Moeda argentina opera hoje com sua
capacidade máxima.
O BC argentino não revela
a quantidade de cédulas que
encomendou e diz que a medida é preventiva; as cédulas
feitas no Brasil devem estar
em circulação antes do fim
do ano para garantir o fluxo
de salários extras e o maior
movimento comercial.
Nos últimos 12 meses, os
preços aumentaram, em média, 24% e os alimentos, especificamente, 30%, conforme consultorias privadas. Os dados do governo, questionados interna e externamente, apontam inflação de 11%
desde novembro passado.
Conforme a consultoria
econômica Orlando J. Ferreres e Asociados, uma cédula
de cem pesos hoje tem o mesmo poder de compra que tinham 27 pesos em 2001.
A baixa taxa de bancarização também pressiona a demanda por cédulas na Argentina, segundo o consultor
econômico Fausto Spotorno.
"Como o país usa dinheiro vivo para tudo, qualquer variação na inflação exige muito
da Casa da Moeda, que historicamente tem uma capacidade limitada."
Segundo Spotorno, a Argentina já encomendou cédulas e moedas da Austrália,
da Coreia do Sul e do Chile ao
longo dos anos 1990.
Recentemente, um parlamentar da oposição propôs a
criação de uma cédula de 200
pesos para compensar a inflação. O governo resistiu à
ideia, para evitar um impacto político negativo.
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