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commodities
Falta de gado pode tirar mercado do Brasil no exterior
País enfrenta menor oferta de animais em condição de abate, problema que não tem solução no curto prazo
Outra questão é a alta do real, que encarece os preços, em dólar, em relação a outros países; arroba já custa US$ 66
MAURO ZAFALON
DE SÃO PAULO
A indústria de carne bovina brasileira, um do setores
que mais cresceram nos últimos anos no país, vai ter de
buscar um novo cardápio,
principalmente no que se refere ao mercado externo.
Dois dos grandes pilares
do setor nacional começam a
mostrar uma certa corrosão.
O país sempre teve quantidade de carne e preços altamente competitivos.
O cenário recente já mostra uma oferta menor de bois
prontos para abate, situação
que não deverá ser resolvida
no curto prazo. Os preços do
animal já estão até mais elevados do que em outras regiões produtoras do mundo.
A arroba de boi gordo -refletindo a entressafra, a demanda aquecida e a dificuldade de os frigoríficos conseguirem uma escala normal
de abate- já atingiu R$ 113,
segundo o Cepea.
Nos patamares atuais da
moeda norte-americana, a
arroba estaria a US$ 66.
Antonio Camardelli, presidente da Abiec (Associação
Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne), diz
que, nesse novo cardápio, a
indústria tem dois pontos básicos para desenvolver.
Olhar mais para dentro da
empresa e concentrar esforços na busca de novos mercados que substituam a blindagem colocada ao setor pela União Europeia.
CUSTOS
Olhar para dentro significa, é claro, a busca de redução de custos e o aumento de
competitividade no processo
industrial.
Até a logística, que acabava não sendo um grande problema devido à competitividade do produto brasileiro,
deverá ser vista com novos
olhos, segundo Camardelli.
Ele diz que as empresas
precisam de um pacote técnico que contemple a autogestão. Afinal, elas entendem de
todo o processo de produção.
Essa ausência faz com que
o governo faça inserções de
cima para baixo. "Este é o
momento propício para repensar isso", diz ele.
O executivo destaca que
nos demais países produtores as regras são feitas por
produtores e pelas indústrias, com o governo exercendo o controle para que elas
sejam cumpridas.
Do lado externo, o país
tem avançado muito nos últimos anos devido a um forte
programa de marketing.
A carne brasileira praticamente chega a todos os mercados, mas os poucos que
faltam são exatamente os
que mais pagam bem.
"É preciso concentrar esforços em mercados que sejam alternativas à Europa.
Entre esses mercados estão
Japão, Coreia do Sul, Taiwan
e Estados Unidos", diz ele.
A concorrência está aumentando muito também no
setor de carnes nobres.
Países como Uruguai, Paraguai e Argentina conseguiram elevação no status sanitário e já começam a vender
para aqueles mercados. É o
caso do Uruguai, que já tem o
México na lista de clientes.
Mesmo nas carnes de menor valor agregado o Brasil
começa a ter novas concorrências -a Índia, que começa a ocupar com força os países islâmicos, com a venda
de carne de búfalo.
Os indianos deverão colocar mais de 1 milhão de toneladas no mercado neste ano.
E garantem que esse volume
cresce muito nos próximos.
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