São Paulo, sábado, 04 de dezembro de 2010

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Setor elétrico critica limites para emissão

Imposição pode engessar a expansão da oferta de energia, dizem representantes do setor

AGNALDO BRITO
DE SÃO PAULO

O Fórum de Meio Ambiente do Setor Elétrico, organização que representa 18 associações, acusa o governo brasileiro de querer "engessar o país" ao impor limites de emissões sobre as fontes de geração de energia no Brasil.
A medida pode, segundo a organização, criar problemas para o crescimento do país.
A decisão, segundo o Fórum, desconsidera a dificuldade para expandir a oferta de energia, seja pelo lento processo de licenciamento, seja pela imposição ambiental de reduzir a capacidade instalada das hidrelétricas.
O setor quer o direito de usar energia térmica, grande emissora de gases, sem limitações. Pelo menos por enquanto.
"Fixar limites agora não é oportuno para o Brasil. É preciso aprofundar os estudos para saber se isso é possível. O Brasil não pode oferecer um limite desses. Isso pode engessar o país", diz Sílvia Calou, diretora-executiva do Fórum do Meio Ambiente do Setor Elétrico.
A posição foi apresentada na quinta-feira pelo Fórum no Espaço Brasil, em Cancún, onde ocorre a COP-16, Conferência do Clima.
Bastaram os rumores na conferência de que o governo brasileiro pode anunciar até o fim do encontro as metas de emissão para cada uma das fontes de geração de energia para que o Fórum deflagrasse um esforço para conter a iniciativa.
A reportagem da Folha tentou ouvir a EPE (Empresa de Pesquisa Energética), estatal encarregada de discutir os cortes de emissões na área de energia, mas não obteve resposta.

DEBATE
O Fórum de Meio Ambiente disse que concorda com metas, mas acha que o país precisa rediscutir as amarras impostas hoje para a geração de energia.
A principal é a imposição de liberar hidrelétricas com pequenos reservatórios de água, chamadas usinas a fio d'água, como as hidrelétricas de Jirau, Santo Antônio, no rio Madeira (RO), Belo Monte, no rio Xingu (PA), ou Teles Pires, em Mato Grosso.
Essa imposição reduz o impacto do desmatamento, sobretudo na Amazônia, onde está o novo potencial hidrelétrico brasileiro.
Mas o efeito colateral não é pequeno e resulta em perda de capacidade instalada, adverte o setor.
O Fórum defende uma discussão nacional para saber se o país quer ou não as grandes hidrelétricas.
A Folha já havia antecipado o movimento do setor elétrico para forçar a retomada dessa discussão em 2011.


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