São Paulo, quarta-feira, 05 de janeiro de 2011

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EUA dão novos sinais de recuperação

PIB pode crescer até 4% em 2011, mas desemprego de 9,8% ainda é risco para retomada recente em vários setores

Empresas aumentam produção e apresentam lucros recordes, mas fazem isso com 7,5 mi de trabalhadores a menos

FERNANDO CANZIAN
DE SÃO PAULO

Vários indicadores recentes nos EUA mostram que a maior economia do mundo pode ter voltado a crescer em ritmo maior que o esperado.
Alguns bancos e analistas já projetam o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) do país em cerca de 4% em 2011. Entre julho e setembro passados, os EUA ainda cresciam a um ritmo de 2,6%.
Mas o aumento da produção industrial, das vendas do comércio (em especial de veículos) e das exportações pode demandar ainda algum tempo para se refletir no mercado de trabalho.
A taxa de desemprego nos EUA segue próxima a 10% desde o auge da chamada Grande Recessão, em 2009. Se ela não começar a cair no médio prazo, poderá minar a atual recuperação.
Por enquanto, neste início de 2010 os juros de longo prazo nos EUA começaram a subir (o que indica expectativa de mais atividade e inflação futuras) e investidores finalmente abandonam aplicações nas chamadas "reservas de valor", como o ouro (que foi a grande vedete da crise).
A produção industrial norte-americana registrou a 17ª elevação consecutiva em dezembro. Das 18 áreas monitoradas pelo ISM (Institute for Supply Management), 11 registraram alta.
O indicador de produção do ISM, que acima de 50 pontos indica expansão, passou de 56,6 em novembro para 57 pontos no mês passado.
As vendas de dezembro da maior montadora norte-americana, a General Motors, cresceram 7,5%, bem acima da expectativa do mercado.
A economia dos EUA vem ganhando velocidade desde o último trimestre de 2010. A recuperação trouxe notícias positivas até para o epicentro da crise de 2008/2009: o mercado imobiliário.
Os gastos de empresas e famílias com construções atingiram em novembro o maior nível desde junho, marcando três meses de alta.
No último trimestre de 2010 foram ocupados mais 232 mil m2 de áreas comerciais nos EUA. Um ano antes, no mesmo período, o país perdia 1,3 milhão de m2 em áreas ocupadas, quando empresas fecharam ou diminuíram negócios.

SEM EMPREGOS
O drástico corte de funcionários, salários, investimentos e outros custos durante a crise também levou a um salto no lucro das empresas norte-americanas em 2010.
No terceiro trimestre, elas embolsaram U$ 1,7 trilhão em termos anualizados, mais que o pico registrado em 2006. Mesmo assim, e apesar da série de notícias positivas, a taxa de desemprego nos EUA está em 9,8%.
A aparente contradição é explicada pelo vigoroso aumento da produtividade dos trabalhadores que não foram demitidos na crise.
Os que ficaram estão trabalhando mais. Desde 2008, vêm produzindo em média 4,2% a mais por ano.
Por conta da produtividade em alta, no terceiro trimestre de 2010 os EUA cresceram quase o mesmo que há três anos. Mas fizeram isso tendo 7,5 milhões a menos de gente empregada.
A boa notícia é que os pedidos de seguro-desemprego caíram recentemente para menos de 400 mil por semana. Pode ser um sinal de melhora também nessa área.


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