São Paulo, quarta-feira, 05 de janeiro de 2011

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Petrobras negocia compra de fatia da Galp

Companhia pode pagar R$ 7,8 bilhões por parte dos 33,34% que a italiana Eni tem na petroleira portuguesa

Negociações esbarram no preço, pois italianos querem R$ 10,4 bi; Galp é sócia da Petrobras no campo de Lula

JULIO WIZIACK
DE SÃO PAULO
FÁBIA PRATES
DO RIO

A Petrobras negocia a compra de parte dos 33,34% da italiana Eni na petroleira portuguesa Galp Energia por R$ 7,8 bilhões.
A Folha apurou que as conversas estão em andamento desde o início de novembro passado.
Oficialmente, a companhia brasileira informou que estuda uma "potencial transação" com a Eni. "Até o momento, nenhuma análise foi concluída, assim como não há documento vinculante entre as partes", disse, em comunicado à CVM (Comissão de Valores Mobiliários).
A Galp, estatal petroleira portuguesa, tem como principais sócios privados a italiana Eni, os angolanos da Sonangol (representados pela Amorim Energia) e os portugueses da CGD (Caixa Geral de Depósitos).
A Eni havia se tornado sócia da Galp com o objetivo de diversificar investimentos. Em novembro, o grupo italiano tentou adquirir o controle da companhia portuguesa, mas não houve acordo.
Decidiu então vender a terceiros sua participação de 33,34%, já que o acordo de exclusividade com os sócios privados na Galp expiraria em 31 de dezembro de 2010.
A Petrobras abriu negociações, mas não queria, segundo apurou a Folha, adquirir os 33,34% da Eni. Para isso, pelas regras de Portugal, seria obrigada a fazer uma oferta pública para aquisição de ações a todos os acionistas, algo que elevaria o valor da transação.
A solução naquele momento seria a venda de 25% da Galp à Petrobras. Os 8% restantes seriam comprados pela CGD (4%) e pela Amorim Energia (4%).
A Amorim Energia pretendia ficar com uma participação maior, dando como pagamento ativos de sua propriedade em Angola. Com a recusa pela Eni, o grupo angolano se retirou da negociação, que ficou suspensa.
Nas últimas duas semanas, as conversas foram retomadas. A situação agora é diferente porque o governo português fez contatos com o governo brasileiro para tentar fechar acordo com a Petrobras antes da eleição presidencial portuguesa, marcada para o fim deste mês.
Espera-se que um termo de compromisso seja assinado nas próximas semanas.

PARCERIA CRUZADA
A Galp já é sócia da Petrobras no pré-sal, com 10% de participação na exploração de quatro campos, em Lula e em Cernambi. Com a Eni, a Petrobras tem sociedade na exploração e na produção de petróleo em Angola com memorandos para projetos conjuntos em outras áreas.
A entrada dos brasileiros no lugar da Eni na Galp é dada como certa pelos portugueses, mas esbarra no preço. A Petrobras não quer pagar mais que R$ 7,8 bilhões. A Eni pede R$ 10,4 bilhões.
Além disso, a companhia brasileira quer uma participação entre 20% e 25%. Interessada em se retirar da Galp, a Eni não aceita simplesmente ter sua participação reduzida. Por isso, estuda a venda da diferença (algo entre 8% e 13%) à CGD.
Há chances de que um acordo seja fechado dessa forma, desde que a Amorim Energia não tente barrar o negócio, que precisará de aprovação na assembleia de acionistas.


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