São Paulo, terça-feira, 05 de abril de 2011

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Vale terá Murilo Ferreira no comando

Previ conduz à presidência um executivo que trabalhou na mineradora e que conta com a simpatia de Dilma


Escolhido chefiou a Vale Inco, subsidiária canadense de níquel, e saiu da empresa após problemas com Agnelli

DO RIO
DE BRASÍLIA


Liderados pelo fundo de pensão Previ (dos funcionários do Banco do Brasil), os acionistas controladores da Vale indicaram o administrador de empresas Murilo Pinto de Oliveira Ferreira, 58, ex-diretor da mineradora, para presidir a companhia em substituição a Roger Agnelli, no cargo desde 2001.
A escolha surpreendeu o mercado. O nome mais cotado era o do atual diretor-executivo de Metais Básicos da companhia, Tito Martins _que, como publicou a Folha na semana passada, foi indicado para o posto pelo Bradesco, principal acionista que não sofre influência direta do governo.
O bloco de controle da Vale é formado por Previ (a maior acionista, com 49% do capital), Bradesco (21,21%), a trading japonesa Mitsui (18,24%) e BNDESpar (11,51%). Ou seja, 60,5% das ações estão na esfera de influência do governo.
Só que, para formalizar a troca de comando da mineradora, são necessários 75% dos votos, o que obrigou o governo a compor com o banco privado. O Bradesco temia ingerência política na Vale e preferiu, por isso, indicar o nome de um executivo do primeiro escalão da empresa.
Ferreira, porém, contava com a simpatia da presidente Dilma Rousseff, a quem conheceu enquanto estava na Vale. Ferreira trabalhou na empresa de 1977 a 2008.
Teve contato com Dilma quando ela era ministra de Minas e Energia e ele presidia a então subsidiária Albras _produtora eletrointensiva de alumínio.
Na avaliação de representantes de um acionista da Vale, Ferreira terá um perfil mais de executor das decisões do Conselho de Administração, enfraquecido na atual gestão.
Agnelli, que fica no cargo até o fim do mandato em 21 de maio, descolou-se demais dos acionistas controladores e impôs uma visão muito própria da estratégia da empresa _como focar investimentos no exterior e em minério de ferro, e não siderurgia, como queria o Planalto.
Seu foco era o retorno ao investidor, mesmo que isso contrariasse o governo.
Em 2007, Ferreira assumiu a presidência da Vale Inco, subsidiária canadense de níquel, cujo processo de aquisição havia liderado um ano antes. Saiu em 2008 da Vale alegando problemas de saúde. Ferreira, porém, desentendeu-se com Agnelli, que queria uma gestão mais dura especialmente na área de recursos humanos.
O executivo foi sucedido na Inco justamente por Tito Martins, com quem disputou agora a presidência da mineradora. Ferreira desbancou ainda outro diretor-executivo da Vale, José Carlos Martins (Marketing e Vendas), que corria por fora. Os três nomes constavam da lista tríplice elaborada por uma consultoria internacional, formalidade exigida pelo acordo de acionistas.
(CIRILO JUNIOR, JANAINA LAGE, PEDRO SOARES E NATUZA NERI)



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