São Paulo, sábado, 05 de junho de 2010

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Criação de vagas decepciona nos EUA

Maior parte dos postos é gerada em maio pelo governo e é temporária; Bolsa de NY recua 3,15%, e Bovespa, 2%

Especialista afirma que EUA devem ter "taxa de desemprego" europeia por um longo período; hoje, ela está em 9,7%

Adam Lau - 3.jun.10/Associated Press
Pessoas buscam vaga em feira de trabalho em Los Angeles

ÁLVARO FAGUNDES
DE SÃO PAULO

O mercado de trabalho americano não criava tantas vagas desde o governo Bill Clinton. Mas a maior parte dos postos gerados em maio foram contratações temporárias do governo, o que desagradou a investidores e derrubou as Bolsas pelo mundo.
O resultado, aliado ao possível calote da Hungria, fez o índice Dow Jones, o principal da Bolsa de Nova York, cair 3,15%. Em Paris, a queda foi de 2,86%. A Bovespa perdeu 2,01%.
Em maio, 431 mil postos foram gerados nos EUA, o maior número desde 2000 e o 37º em 71 anos, porém a maior parte desse pessoal foi contratada para o censo que o governo realiza neste ano.
Foram 411 mil pessoas chamadas para trabalhar no censo, uma vaga que o próprio governo diz que é temporária e de curta duração, o que significa que elas logo voltarão a buscar emprego.
Já o setor privado, o grande motor da principal economia global, reduziu seu ritmo de contratações, de 218 mil, em abril, para 41 mil.
"Um resultado desapontador", disse à Folha Gary Burtless, especialista em mercado de trabalho do Brookings Institution.
No total, o setor público (governos federal, estaduais e municipais) gerou 390 mil postos de trabalho em maio.
Um outro número, o da taxa de desemprego, que poderia ser visto como positivo, também desagradou.
A taxa caiu de 9,9% para 9,7%, mas isso ocorreu não porque mais pessoas conseguiram emprego, mas porque 322 mil pessoas desistiram de buscar vaga, desestimuladas com as perspectivas, o que diminui a base total a ser calculada.
Para Burtless, apesar de os números do emprego estarem abaixo do previsto, o mercado está "exagerando" nas suas preocupações e não está prestando atenção em detalhes que ele diz serem positivos, como o aumento no número de horas trabalhadas e nos salários.
O especialista diz que há alguns fatores que apontam para a possível recuperação do mercado de trabalho.
Um deles é que a demanda dos consumidores está crescendo, com "uma recuperação firme", e alguns dos principais parceiros dos EUA, como China e Canadá, estão crescendo fortemente, o que deve aumentar a demanda por produtos americanos.
Mas ele diz que os EUA não devem voltar a ter antes de 2014 um desemprego próximo a 5%, como em 2007, quando a recessão começou.
Outro analista, James Sherk, do Heritage Foundation, diz que "isso é possível, mas não é provável", e que os EUA devem ter "taxas europeias" por um longo tempo.


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