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Hungria diz que pode ser próxima Grécia
Novo governo afirma que situação fiscal é pior que a esperada e avista possível crise semelhante à dos gregos
Porta-voz do premiê húngaro acusa a administração anterior de ter falsificado dados sobre economia do país
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
Declarações de políticos
da Hungria causaram ontem
preocupação no mercado
com a possibilidade de o país
passar por uma crise semelhante à que atingiu a Grécia.
O vice-presidente do partido de situação Fidesz, Lajos
Kosa, disse na quinta-feira
que o novo governo, que tomou posse há uma semana,
encontrou as finanças públicas em situação pior que a esperada e que havia uma
chance pequena de evitar um
cenário igual ao grego.
Ontem, Peter Szijjarto,
porta-voz do primeiro-ministro Viktor Orban, confirmou
que o governo vê problemas
na situação fiscal do país.
"Foi o primeiro-ministro
[anterior] Ferenc Gyurcsany
que falou sobre moratória.
[...] Ele estava orgulhoso em
dizer que apenas ele poderia
salvar a Hungria da moratória pegando um empréstimo
do FMI", disse o porta-voz.
"Sob esse ponto de vista,
não acho que [os comentários de Kosa] sejam exagerados", completou.
Szijjarto também disse que
o governo anterior falsificou
dados econômicos.
"Na Grécia, eles também
falsificaram dados. Na Grécia, o momento da verdade
chegou. A Hungria ainda não
chegou lá", disse Szijjarto.
"É exatamente isso o que
queremos evitar e esse governo está pronto para evitar o
caminho que a Grécia tomou.
Após constatar a realidade,
não hesitaremos em agir",
disse o porta-voz.
A Hungria faz parte da
União Europeia, mas, diferentemente da Grécia, não
integra a zona do euro.
O novo governo de centro-direita vem afirmando nas
últimas semanas que o deficit de 2010 poderá ser muito
superior à meta acordada de
3,8% do PIB, culpando "esqueletos fiscais" deixados
pelo governo anterior.
O banco central do país informou ontem que o deficit
deverá ficar em 4,5% do PIB
neste ano.
MERCADO
As declarações dos políticos húngaros não foram bem
recebidas pelo mercado.
"O governo está jogando
um jogo muito perigoso com
a confiança dos investidores", disse Timothy Ash, do
Royal Bank of Scotland.
"Pode haver a tentação de
falar sobre os riscos de moratória para trabalhar domesticamente expectativas sobre a
necessidade de austeridade
fiscal, mas isso não cai bem
com os investidores."
"EUROBONDS"
Os governos da zona do
euro estão considerando a
possibilidade de lançar papéis da dívida comuns aos 16
países do grupo (eurobonds),
segundo o jornal britânico
"The Guardian".
Os papéis ajudariam a
tranquilizar os mercados
quanto à capacidade de pagamento dos países do bloco
e a fortalecer o euro.
A proposta, no entanto, é
polêmica, especialmente na
Alemanha, que teme perder
suas boas condições de crédito no mercado, ao se associar a países com dívidas
muito altas.
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