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VAIVÉM
MAURO ZAFALON - mauro.zafalon@uol.com.br
Oferta mundial de trigo preocupa e preço volta a subir forte no mercado
O trigo continua surpreendendo o mercado e ontem os
preços voltaram a subir firmemente. "Em 40 anos de
mercado, nunca vi oscilações tão bruscas em tão pouco tempo", diz Lawrence Pih,
do Moinho Pacífico.
O empresário se referia a
mais uma forte puxada de
preços ocorrida ontem, de
6,7%, o que já faz o trigo acumular 50% de aumento em
quatro semanas em Chicago
O primeiro contrato do
produto foi a US$ 7,26 por
bushel (27,2154 kg), embalado pelas notícias de seca na
Europa e na Rússia. Mas essa
alta reflete não só a seca, mas
a forte presença dos fundos
no mercado, diz Pih.
Com excesso de capital e
juros pouco atrativos no setor financeiro, eles foram em
busca dos produtos agrícolas. Nas últimas semanas,
compraram 160 mil contratos futuros de trigo, o que
corresponde a 30 milhões de
toneladas do cereal.
Seca e fundos não mexem
apenas com os preços do trigo, mas também mantêm
aquecidos os preços das demais commodities agrícolas.
A soja, apesar do pequeno
recuo ontem, mantém alta de
9,4% em quatro semanas e o
primeiro contrato está em
US$ 10,53 por bushel. Esse
produto também tem sido
um dos preferidos pelos fundos, que estão com 32 milhões de toneladas de soja
comprados.
A pressão de alta avança
também sobre os produtos
negociados em Nova York, as
chamadas "soft commodities". O açúcar retomou a
tendência de alta e acumula
13% nas últimas quatro semanas no primeiro contrato
negociado na Bolsa.
O único produto na contramão é o suco de laranja, que
registra queda de 4% em um
mês, mas ainda acumula alta
de 56% em 12 meses.
Sem reação A forte puxada de preços do trigo no
mercado externo ainda não
afetou os preços internos. O
produtor continua recebendo R$ 23 por saca pelo trigo
negociado no Paraná.
Safra Em 20 dias, as máquinas vão a campo para intensificar a colheita do cereal no norte do Paraná. Os
produtores esperam uma
melhora do clima que, neste momento, está muito
úmido. Se persistir, esse clima poderia prejudicar a
qualidade do trigo.
Com reação Já soja e
milho, mais sensíveis ao
mercado externo, tiveram
alta internamente. A soja
subiu 0,4% em média, conforme cotações apuradas
pela Folha em várias regiões produtoras. Já os preços médios do milho registraram alta de 1,3% ontem.
Preços No noroeste do
Paraná, a saca de soja está a
R$ 36 para o produto armazenado em cooperativas. O
produtor que mantém soja
em armazém próprio consegue R$ 40 por saca. O milho
está a R$ 13 por saca.
Evolução da economia
puxa preço da mandioca
O crescimento da economia nacional provocou uma
evolução na demanda por
raiz e fécula de mandioca. O
resultado foi que o produto
obteve o maior preço semestral praticado de janeiro a junho desde 2004.
A informação é do Cepea
(Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada,
da Esalq/USP), que credita,
ainda, a alta à menor oferta
de produto no mercado no
início do ano.
No decorrer do semestre, o
processamento de mandioca
se intensificou, elevando os
estoques de fécula em 35,4%
entre maio e junho. Mesmo
assim, os preços seguiram
em alta, segundo o Cepea.
O setor espera que uma
melhora do cenário macroeconômico reflita sobre o mercado de amidos, o que levou
parte das empresas a formar
estoques de fécula.
Com KARLA DOMINGUES
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