Debandada de pessoas físicas se intensifica com perspectiva ruim para as economias dos EUA e da Europa

TATIANA FREITAS
DE SÃO PAULO

A piora do cenário econômico internacional tem provocado uma debandada do investidor pessoa física da Bovespa e de outros investimentos ligados ao mercado acionário, como os fundos de ações e multimercados.
Em julho, os resgates superaram as aplicações em R$ 451 milhões nos fundos de ações, segundo os dados mais recentes da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), referentes até a última sexta-feira de julho.
A fuga é mais intensa dos fundos multimercados, que aplicam em renda fixa e variável (como ações). Depois de terem perdido mais de R$ 14 bilhões em maio e em junho, no mês passado, os resgates superaram as aplicações em R$ 4,26 bilhões.
E os saques continuam neste mês. Segundo a Folha apurou, a diferença entre aplicações e resgates ficou negativa em mais de R$ 1 bilhão em somente dois dias [entre segunda e terça-feira].
A saída das pessoas físicas da Bolsa e de investimentos ligados a ações é tão intensa que acabou sendo determinante para a forte queda de 10% do Ibovespa, o principal índice da Bolsa, nesta semana, provocando o chamado "efeito dominó" no mercado.
Ontem, a Bolsa caiu 5,72%. No ano, a queda é de 23,8%.
Diante do fraco desempenho dos últimos meses e da deterioração das perspectivas para as economias dos EUA e da Europa, os investidores vêm pedindo o resgate de suas aplicações, forçando baixas e provocando sentimento de pânico, que estimula novos saques e quedas.
"Para pagar o resgate do cotista, fundos e bancos precisam fazer caixa. E, para fazer caixa, precisam vender ações a qualquer preço", diz Pedro Galdi, analista da SLW Corretora. "Nesses momentos, muita gente se apavora, vende e perde dinheiro."
Na saída da Bolsa, o destino preferido dos investidores é a renda fixa. Em julho, as captações dos fundos de renda fixa e DI somaram R$ 3,82 bilhões, segundo a Anbima.

ESTRANGEIROS
Em direção oposta, o fluxo de investimento estrangeiro na Bovespa ficou positivo em R$ 133 milhões na segunda e na terça-feira, segundo os dados mais recentes da Bolsa.
Ontem, corretoras e bancos que normalmente atendem a clientes brasileiros se destacavam na venda dos papéis mais negociados.
No caso das ações da Petrobras, que caíram 7,3%, das 4 casas que lideravam as vendas, 3 eram nacionais; dois bancos estrangeiros comandavam as compras.
"A saída das pessoas físicas do mercado é forte e muitos investidores ultrapassaram seus limites de perdas", diz Clodoir Vieira, economista da corretora Souza Barros, referindo-se ao "stop loss", no jargão do mercado.


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