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Eike constrói a primeira usina solar comercial do país
Investimento de R$ 10 milhões ocorre no Ceará, porém expansão esbarra no custo de importação de equipamento
Produzir energia solar custa até seis vezes
mais do que a geração hidrelétrica; setor cobra incentivos do governo
CIRILO JUNIOR
DO RIO
A MPX, do empresário Eike Batista, vai construir a primeira usina solar comercial
do país, em Tauá (Ceará).
Serão investidos R$ 10 milhões para a instalação de
1 MW (megawatt) de capacidade, que permitirá abastecer 1.500 residências a partir
do ano que vem.
A empresa já entrou com
pedido na Aneel (Agência
Nacional de Energia Elétrica)
para poder operar até 5 MW,
o que deve acontecer em até
dois anos.
Os planos da MPX preveem ter uma capacidade
instalada de até 50 MW em
outros projetos. Esse objetivo, porém, ainda esbarra nos
custos da energia solar, devido aos equipamentos caros
-que só podem ser comprados no exterior.
A usina pioneira não indica que o aproveitamento da
luz solar para gerar energia
esteja finalmente deslanchando no país. Faltam projetos e sobram reclamações
no setor, que cobra do governo incentivos para desenvolver o mercado.
Produzir energia solar custa até seis vezes mais do que
a geração hidrelétrica. O custo com energia solar varia entre R$ 500 e R$ 600 por megawatt-hora. Representa até
quatro vezes mais do que o
preço da energia eólica, outra fonte limpa e renovável. O
megawatt-hora da energia
oriunda dos ventos varia entre R$ 150 e R$ 200.
A MPX obteve incentivos
do governo do Ceará que possibilitaram a construção da
unidade. "Mas precisamos
ter escala. No mundo, a tecnologia solar vem avançando muito, com incentivos e
pesquisa", afirma Marcus
Temke, diretor de operações
e implantação da MPX.
CUSTO
Para o presidente da Abeama (Associação Brasileira de
Energias Renováveis e Meio
Ambiente), Ruberval Baldini, o custo da energia solar
pode ficar no mesmo patamar da energia eólica, em
franca expansão. Mas isso,
ressalta, não vai acontecer de
forma natural.
"O Brasil tem feito de tudo
para que as energias renováveis caminhem sozinhas. O
próprio governo diz que é necessário que a tarifa caia para
os projetos saírem do papel.
Isso só vai acontecer se o governo agir para que os preços
caiam", observa.
Produtores chineses de
equipamentos têm interesse
em se instalar no país. A vinda deles, porém, está condicionada à demanda por material ligado à geração solar.
Temke lembra que há investidores estrangeiros com
intenção de estabelecer parcerias, de olho na obtenção
de créditos de carbono para
mitigar a emissão de gases
em outros países.
Apesar de ser o segundo
lugar do planeta com maior
incidência de raios solares, o
Brasil está muito distante da
Espanha e da Alemanha, cujas capacidades instaladas
em energia solar superam os
2.000 MW. "Estamos 20 anos
atrasados na energia solar",
sentencia Baldini.
Mauricio Arouca, especialista da Coppe/UFRJ, diz ser
um contrassenso o Brasil não
aproveitar sua condição privilegiada. Lembra que os
custos da indústria, em geral,
vêm caindo 15% a cada ano.
"Temos aqui apenas testes
e casos em regiões bastante
isoladas", afirma Arouca.
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