SHEILA D'AMORIM
JULIANA ROCHA
DE BRASÍLIA

O presidente Lula classificou como "irresponsabilidade" e "mediocridade política" ações como a adotada pelos EUA de inundar a economia com US$ 600 bilhões para tentar retomar o crescimento do país, abalado desde a crise financeira mundial de 2008.
A Folha apurou que, na reunião ministerial de ontem, Lula disse que a decisão reflete uma "política de sobrevivência" das economias ricas em ano de eleição e que essa atitude mostra "falta de solidariedade" com o resto do mundo, já que as ações dos países desenvolvidos repercutem nos em desenvolvimento.
Para o presidente, os US$ 600 bilhões seriam mais bem aproveitados se fossem usados para ajudar países a saírem da pobreza. Com isso, eles poderiam demandar mais produtos e comprar bens americanos.
Já o ministro da Fazenda, Guido Mantega, pretende levar à reunião do G20, na próxima semana, propostas alternativas para os países desenvolvidos se recuperem sem prejudicar os países em desenvolvimento.
Ele fará pressão para que os EUA elevem os gastos públicos, uma alternativa à injeção de de dinheiro do Fed.
Na avaliação da Fazenda, a expansão fiscal americana conteria um pouco a desvalorização do dólar porque o dinheiro seria aplicado em ativos reais, e não no mercado financeiro internacional -ou seja, amenizaria a enxurrada de recursos para o Brasil.
A Folha apurou que a segunda proposta aos países do G20 seria a criação de limites para os superavit nas contas externas. O secretário do Tesouro dos EUA, Timothy Geithner, fez proposta semelhante em outubro.


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