São Paulo, domingo, 05 de dezembro de 2010

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"Leio sete jornais", afirma empresária

Arianna Huffington, cofundadora do Huffington Post, diz que pretende ver de perto a "vibrante economia brasileira'
Internet deu ao leitor o controle sobre as notícias que consome, afirma criadora de site de jornalismo nos EUA

DE LOS ANGELES

Arianna Huffington, cofundadora do Huffington Post, diz estar animada com sua primeira visita ao Brasil. Aos 60 anos, ela afirma que assina sete jornais, que gosta de ler pela manhã, enquanto toma café. A seguir, trechos da entrevista feita por e-mail.

 

Folha - Por que o Brasil?
Arianna Huffington
- Nunca fui à América do Sul, o que me deixa muita animada com essa viagem. Quero ver de perto a vibrante economia brasileira e o jeito como os partidos políticos, apesar de terem ideologias diferentes, conseguiram se unir para reduzir a desigualdade. Estou interessada em me encontrar com aqueles que tiveram um papel em transformar energia alternativa em parte da política nacional.

Em seu novo livro, a senhora afirma que os EUA correm o risco de se transformar num Brasil ou num México, com mais pessoas vivendo em condomínios fechados. Por quê?
Os EUA estão caminhando para se tornarem um país de Terceiro Mundo. Neste momento, 100 milhões de americanos estão em pior situação do que seus pais quando tinham idade parecida. Há algo de destrutivo acontecendo ao sonho americano.

Acabou o sonho americano?
A mobilidade social foi sempre o centro do sonho, uma promessa de que, se você trabalhar duro e jogar as regras do jogo, vai se dar bem e seus filhos terão a chance de fazer ainda melhor. Essa promessa morreu.
Resgatar a classe média não vai ser fácil. Serão necessárias iniciativas ousadas.

O presidente Barack Obama tem ainda como retomar suas promessas?
Ele precisa trabalhar agressivamente para corrigir o seu maior erro, que foi não colocar a criação de postos de trabalho no centro das prioridades. Ele não deu a mesma urgência para salvar a classe média e reconstruir nossas comunidades que deu para resgatar Wall Street e os grandes bancos.

A senhora ainda lê jornal de papel?
Sim, absolutamente. Adoro ler o jornal pela manhã, tomando café. Assino sete.

Desde que o Huffington Post foi lançado, muitas novas tecnologias ganharam força. Qual foi a mais complicada para abraçar?
Inovação sempre esteve no DNA do HuffPost. Então nunca olhamos para essas novas tecnologias como problemas a resolver. Ao contrário, vemos como oportunidades para serem abraçadas.

Como a qualidade do jornalismo foi afetada por essa revolução midiática e consequente declínio financeiro de empresas tradicionais?
Estamos vivendo uma era de ouro para os consumidores de notícias que podem navegar na internet, usar ferramentas de busca, acessar as melhores histórias ao redor do mundo.
A internet nos deu controle sobre as notícias que consumimos.
E o crescimento explosivo de mídia social está também mudando nossa relação com a notícia.
Não é algo que tomamos mais de forma passiva. Somos todos parte da evolução da história, expandindo com comentários e links para informações relevantes, adicionando fatos e pontos de vista diferentes.

O jornal já deu lucro? Qual a expectativa para 2011?
Sim, o HuffPost se tornou lucrativo neste ano. Queremos continuar expandindo o site, contratar mais repórteres para focar em produção de material original.

Rupert Murdoch está investindo US$ 30 milhões para criar um jornal só para iPad. Qual será a resposta do Huffington Post?
A estratégia do HuffPost é focar no nosso aplicativo. Queremos algo poderoso, atraente e nativo ao iPad.


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