São Paulo, quinta-feira, 06 de janeiro de 2011 |
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Impostos e varejo pulverizado barram megaliquidações Apesar de descontos de até 80% nas lojas após Natal, não há ação coordenada como a "Black Friday" dos EUA Nos EUA, grandes redes combinam promoções e são favorecidas por tributo menor sobre preço promocional CAROLINA MATOS DE SÃO PAULO Sempre no início do ano, varejistas fazem liquidações vistosas para queimar o estoque que sobrou do Natal. São iniciativas praticamente simultâneas e muito parecidas, que oferecem descontos de mais de 50% e longos parcelamentos. Mas não são campanhas coordenadas entre as diferentes redes, como acontece nos Estados Unidos, por exemplo, na chamada "Black Friday", última sexta-feira de novembro. No evento americano, as maiores lojas do país, presentes em quase todos os Estados, derrubam, em massa, os preços. E os consumidores formam longas filas para não ficar sem produtos. A origem do nome (sexta-feira negra, em português) vem da tradição de que os comerciantes com contas no vermelho podem aproveitar o dia para reverter a situação. "No Brasil, o perfil do varejo dificulta iniciativas assim", diz Roque Pellizzaro Junior, presidente da CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas). Pellizzaro ressalta que as grandes redes têm pouca capilaridade no mercado brasileiro, o que é uma barreira a ações amplas e coordenadas. "São os pequenos varejistas, que não costumam ter excedente de estoque que compense grandes promoções, os responsáveis por 70% do mercado", completa. Já nos EUA, lojas como Walmart, Target, Macy's e Best Buy dominam o varejo. A receita total de vendas na "Black Friday" 2010 chegou a US$ 10,7 bilhões: 0,3% maior que no evento de 2009. E o fluxo de clientes aumentou 2,2%, de acordo com a empresa de informações sobre varejo ShopperTrak. A Inglaterra também tem tradição de liquidações gerais no chamado "Boxing Day", um dia depois do Natal. O nome remete à ideia de caixas de presentes ("box"). Mas, com a crise europeia, no evento de 2010 o número de compradores foi quase 30% menor que no ano anterior, de acordo com a empresa de pesquisas Synovate. IMPOSTOS No Brasil, o presidente da CNDL destaca que os impostos pagos pelos lojistas sobre os produtos são cobrados antes da venda, diferentemente do que ocorre nos EUA e na Europa. Na avaliação de Pellizzaro, isso "desencoraja" megaliquidações. "Nesses mercados externos, os impostos são diferentes para itens vendidos em promoção ou com preço cheio. É por isso que as liquidações acontecem em datas específicas, com autorização dos governos", diz. Maurício Morgado, professor da FGV-EAESP, relata que não vê "motivos suficientes" para que as varejistas adotem, em massa, a tradição estrangeira de uma temporada de preços baixos. "As vendas vão bem e o segmento de varejo doméstico deve continuar crescendo, junto com o poder aquisitivo dos brasileiros. Por que mudar? Se eu fosse varejista, não teria interesse." Colaborou CAMILA FUSCO, de São Paulo Texto Anterior: Cotações/Ontem Próximo Texto: Análise/Consumo: Liquidações não restringem direito dos consumidores Índice | Comunicar Erros |
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