São Paulo, quarta-feira, 06 de abril de 2011

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Decisão de Dilma tirou favorito da corrida

Tito Martins foi visto como escolha unilateral do banco; pesou contra ele também a proximidade com Roger Agnelli

Murilo Ferreira atribui escolha a passagem anterior na empresa e não ao fato de já ter conhecido Dilma antes

Katia Lombardi - 24.set.07/"Valor"
O executivo Murilo Ferreira, que assumirá o comando da Vale, onde trabalhou até 2008

VALDO CRUZ
DE BRASÍLIA
PEDRO SOARES
DO RIO

Murilo Ferreira foi escolhido para comandar a Vale depois que Dilma Rousseff decidiu vetar uma escolha solitária do Bradesco para o lugar de Roger Agnelli na presidência da mineradora.
Segundo a Folha apurou, Dilma resolveu pôr fim ao acordo informal entre o governo e o Bradesco que garantia ao banco a indicação do diretor-presidente da Vale, enquanto a Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, nomeava o presidente do Conselho de Administração.
Tal acerto informal perdurou a partir de 2001, quando Agnelli assumiu a Vale e foi reconduzido, desde então, quatro vezes para o cargo -os mandatos do presidente da empresa são de dois anos.
Diante da reprovação de Dilma, o nome de Tito Martins, considerado até então o favorito para suceder Agnelli, acabou sendo descartado. Ele era considerado uma escolha unilateral do Bradesco.
Dilma decidiu que a escolha teria de ser por consenso entre os sócios. Pesou contra Martins, ainda, sua proximidade com Agnelli.
No governo, a avaliação é que Dilma decidiu tirar poder do Bradesco na mineradora por considerar que um sócio com 21,21% não podia definir sozinho o comando e o destino da Vale. O governo tem, indiretamente, 60,5%, somando as participações de Previ e BNDES. Mas precisa de 75% dos votos da Valepar (controladora da Vale) para indicar o presidente.
O novo presidente tem negado a amigos que sua escolha se deva à proximidade com Dilma, que conheceu quando presidia a eletrointensiva Albras e ela era ministra de Minas e Energia.
Atribui a indicação à sua passagem de 11 anos na Vale e a uma carreira construída "passo a passo". Ferreira tem dito se considerar um "nome de dentro da companhia".
Afirma ainda que pretende impor uma gestão em grupo, na qual ele será mais uma peça de uma equipe -em oposição à administração mais personalista de Agnelli.
Seu perfil conciliador, porém, vai ajudar no relacionamento da mineradora com o governo, que busca maior alinhamento entre seu interesse estratégico e as decisões da Vale, diz um ex-diretor da mineradora.
Agnelli se desgastou mais, afirma, por ser "expansionista" e dizer o que pensa e agir como avalia ser correto do que por suas iniciativas à frente da mineradora. Na visão do ex-diretor, o que o governo pretende com a mudança é um maior alinhamento, e não uma ingerência política direta na companhia -algo que Ferreira rejeitaria.
Dilma também deve indicar Nelson Barbosa, secretário-executivo da Fazenda, para a presidência do Conselho de Administração. Com isso, o posto deixaria de ser reservado ao presidente da Previ -cargo hoje ocupado por Ricardo Flores.


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