São Paulo, domingo, 06 de junho de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Governo avalia plano B para capitalização

Se projeto não passar no Senado, ideia é capitalizar Petrobras sem uso de barris; União entraria com títulos públicos

Para Gabrielli, com plano alternativo, valor a ser levantado cairia de R$ 100 bi para algo entre R$ 28 bi e R$ 38 bi


DE BRASÍLIA

Governo Lula e Petrobras confiam na aprovação da capitalização no Senado, mas já trabalham por segurança na montagem de um plano B que garanta a operação de capitalização em julho.
Na semana passada, o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, esteve em Brasília não só negociando a aprovação do projeto com senadores como também em reuniões no governo para discutir a eventualidade de um plano alternativo.
Ele, porém, afirma acreditar que o plano será aprovado. Mas disse a senadores que, se isso não ocorrer, a capitalização deverá cair de R$ 100 bilhões (US$ 54 bilhões) para algo entre R$ 28 bilhões e R$ 38 bilhões (de US$ 15 bilhões a US$ 20 bilhões).
É que, nesse caso, seria uma capitalização sem uso dos 5 bilhões de barris de petróleo que a União cederia para a Petrobras, regra prevista no projeto em tramitação no Senado -o texto já foi aprovado na Câmara e, passando pelos senadores, irá para sanção presidencial.
Segundo a Folha apurou, o governo usaria, então, títulos públicos para aumentar a sua parte no capital da Petrobras. A operação seria feita por intermédio de uma estatal, como o BNDES, ou com recursos do fundo soberano.
Nesse cenário mais pessimista, a Petrobras deve ser obrigada a reavaliar seu plano de investimento, tirando do cronograma projetos tidos como prioritários pelo governo: refinarias em Maranhão, Ceará e Pernambuco e investimentos no complexo petroquímico do Rio (Comperj).

ADIAMENTO
Por sinal, diante da dificuldade para a aprovação da capitalização, setores da estatal já defendiam postergar esses investimentos, mas o Planalto foi contra. O tema chegou a ser discutido entre a então ministra Dilma Rousseff e Gabrielli. Ela não topou.
O atual plano de investimento é de US$ 174 bilhões no período de 2009 a 2013. A empresa está para anunciar o plano de 2010 a 2014, que deve superar US$ 200 bilhões.
O analista Adriano Pires acredita que o projeto será aprovado e a consultoria contratada pela estatal fixará o preço dos barris de petróleo da União na casa dos US$ 6. Esse é o preço do barril dentro do reservatório, antes de sua exploração.
Com isso, a União poderia entrar no processo de capitalização com ao menos US$ 30 bilhões (cerca de R$ 55 bilhões) -resultado do valor dos 5 bilhões de barris que o governo usará, de suas reservas, para aumentar seu capital e evitar que ele diminua.
Ele diz, contudo, que o plano de investir mais de US$ 200 bilhões nos próximos anos terá de ser reduzido se o projeto não for aprovado.
A votação no Senado está marcada para terça ou quarta. O governo e até senadores da oposição dizem que a capitalização deve ser aprovada sem modificações, seguindo direto para sanção. Já o modelo de partilha não tem sua aprovação garantida.
Senadores da oposição temem aprovar o modelo de partilha de produção e dar ao governo combustível para a candidatura de Dilma Rousseff. O governo Lula poderia fazer, ainda neste ano, um leilão de petróleo do pré-sal para faturar politicamente.
O temor do governo Lula é que o clima político negativo por conta do suposto dossiê contra José Serra prejudique as votações.


Texto Anterior: Bancos ajudam Planalto a fazer lobby por Petrobras
Próximo Texto: Oferta de ações: 6 bancos vão coordenar operação
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.