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Governo avalia plano B para capitalização
Se projeto não passar no Senado, ideia é capitalizar Petrobras sem uso de barris; União entraria com títulos públicos
Para Gabrielli, com
plano alternativo, valor
a ser levantado cairia
de R$ 100 bi para algo
entre R$ 28 bi e R$ 38 bi
DE BRASÍLIA
Governo Lula e Petrobras
confiam na aprovação da capitalização no Senado, mas
já trabalham por segurança
na montagem de um plano B
que garanta a operação de
capitalização em julho.
Na semana passada, o presidente da Petrobras, José
Sergio Gabrielli, esteve em
Brasília não só negociando a
aprovação do projeto com senadores como também em
reuniões no governo para
discutir a eventualidade de
um plano alternativo.
Ele, porém, afirma acreditar que o plano será aprovado. Mas disse a senadores
que, se isso não ocorrer, a capitalização deverá cair de R$
100 bilhões (US$ 54 bilhões)
para algo entre R$ 28 bilhões
e R$ 38 bilhões (de US$ 15 bilhões a US$ 20 bilhões).
É que, nesse caso, seria
uma capitalização sem uso
dos 5 bilhões de barris de petróleo que a União cederia
para a Petrobras, regra prevista no projeto em tramitação no Senado -o texto já foi
aprovado na Câmara e, passando pelos senadores, irá
para sanção presidencial.
Segundo a Folha apurou,
o governo usaria, então, títulos públicos para aumentar a
sua parte no capital da Petrobras. A operação seria feita
por intermédio de uma estatal, como o BNDES, ou com
recursos do fundo soberano.
Nesse cenário mais pessimista, a Petrobras deve ser
obrigada a reavaliar seu plano de investimento, tirando
do cronograma projetos tidos
como prioritários pelo governo: refinarias em Maranhão,
Ceará e Pernambuco e investimentos no complexo petroquímico do Rio (Comperj).
ADIAMENTO
Por sinal, diante da dificuldade para a aprovação da capitalização, setores da estatal
já defendiam postergar esses
investimentos, mas o Planalto foi contra. O tema chegou a
ser discutido entre a então
ministra Dilma Rousseff e
Gabrielli. Ela não topou.
O atual plano de investimento é de US$ 174 bilhões
no período de 2009 a 2013. A
empresa está para anunciar o
plano de 2010 a 2014, que deve superar US$ 200 bilhões.
O analista Adriano Pires
acredita que o projeto será
aprovado e a consultoria
contratada pela estatal fixará
o preço dos barris de petróleo
da União na casa dos US$ 6.
Esse é o preço do barril dentro do reservatório, antes de
sua exploração.
Com isso, a União poderia
entrar no processo de capitalização com ao menos US$ 30
bilhões (cerca de R$ 55 bilhões) -resultado do valor
dos 5 bilhões de barris que o
governo usará, de suas reservas, para aumentar seu capital e evitar que ele diminua.
Ele diz, contudo, que o plano de investir mais de US$
200 bilhões nos próximos
anos terá de ser reduzido se o
projeto não for aprovado.
A votação no Senado está
marcada para terça ou quarta. O governo e até senadores
da oposição dizem que a capitalização deve ser aprovada sem modificações, seguindo direto para sanção. Já
o modelo de partilha não tem
sua aprovação garantida.
Senadores da oposição temem aprovar o modelo de
partilha de produção e dar ao
governo combustível para a
candidatura de Dilma Rousseff. O governo Lula poderia
fazer, ainda neste ano, um
leilão de petróleo do pré-sal
para faturar politicamente.
O temor do governo Lula é
que o clima político negativo
por conta do suposto dossiê
contra José Serra prejudique
as votações.
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