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Montadoras miram mercado local para desenvolver veículos
Pedidos ao BNDES de financiamento para
novos modelos já chegam a R$ 2,5 bilhões
JANAINA LAGE
DO RIO
JOANA CUNHA
DE SÃO PAULO
As montadoras estão mais
dispostas a investir no desenvolvimento de novos modelos de automóveis no país.
Dados do BNDES mostram
que as principais montadoras no país, como Volkswagen e GM, já entraram com
pedidos de financiamento no
programa Pró-Engenharia,
destinado a fomentar o desenvolvimento de produtos.
A carteira atual de pedidos
de financiamento soma R$
2,5 bilhões, com investimentos totais de R$ 3,8 bilhões.
"O Brasil aos poucos se
torna um grande centro de
desenvolvimento de veículos", diz Paulo Castor, do
BNDES. O país é o 5º mercado
em vendas, atrás de China,
EUA, Japão e Alemanha.
Está tão latente o interesse
em fazer do Brasil um polo de
desenvolvimento tecnológico que, segundo o presidente
da Anfavea (associação de
montadoras), Cledorvino Belini, talvez seja preciso um
modelo ainda mais abrangente de financiamento.
"Temos conversado com o
BNDES sobre esse tema."
"Hoje só exportamos produtos. Queremos ter condições para também exportar
projetos de engenharia automotiva. Queremos fazer do
Brasil um centro de desenvolvimento automotivo."
Entre os passos para atingir o objetivo, Belini cita a
formação de especialistas e
gasto com centros de pesquisa, tudo com apoio do governo, sob a forma de financiamento e estímulo tributário.
Os principais competidores do Brasil seriam os Brics.
"O país já tem volume suficiente de vendas para justificar a criação de modelos para
o mercado interno e para exportação", diz André Beer,
ex-presidente da Anfavea.
ÁLCOOL
A situação das estradas e o
uso do etanol já obrigavam
as montadoras a fazer mudanças nos carros para o
mercado local. Nos últimos
anos, elas têm buscado aplicar mais recursos em laboratórios de engenharia e em
produtos 100% nacionais.
Um dos últimos lançamentos é o Novo Uno, da
Fiat. Segundo Carlos Henrique Ferreira, engenheiro da
montadora, do design aos
testes de protótipos, tudo foi
desenvolvido no país.
Além do Brasil, o carro será vendido em outros países
da América Latina.
Segundo Castor, do
BNDES, a linha de crédito em
moeda local é um diferencial
na disputa entre as filiais das
grandes montadoras.
Na prática, as empresas
podem obter recursos para financiamento e produzir o
modelo até mesmo em outros
países. O importante no caso
é a engenharia do produto
ser desenvolvida no Brasil.
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