São Paulo, sexta-feira, 06 de agosto de 2010

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Embratel se fortalece contra Oi e Vivo

Negócio indica que bilionário mexicano, dono da empresa, aposta no fim de limite estrangeiro em TV no país

Projeto em tramitação no Congresso prevê fim da restrição a capital externo no setor de telecomunicações

TONI SCIARRETTA
JULIO WIZIACK
DE SÃO PAULO

A dona da Embratel, maior empresa de telefonia de longa distância e de transmissão de dados do país, decidiu fazer uma oferta milionária para a compra de ações dos minoritários da Net, que atua com televisão a cabo e internet em banda larga.
A operação, que pode bater R$ 4,6 bilhões, acontece uma semana após a venda da participação da Portugal Telecom na Vivo aos espanhóis da Telefónica e a entrada dos portugueses na Oi.
O objetivo, segundo analistas, é fechar o capital da Net, trazer os negócios de TV e de internet para dentro da Embratel e formar a primeira empresa de comunicação com atuação simultânea nos segmentos de telefonia fixa, móvel, internet e TV paga.
As empresas do grupo já vendem pacotes conjuntos, mas as receitas são divididas.
A Net chega a 11 milhões de residências, tem 46,1% do mercado da TV paga e 25% da internet banda larga.
Em maio passado, a Folha revelou que Carlos Slim, homem mais rico do mundo e controlador da Embratel e da Claro e sócio da Net, decidiu fundir as três empresas e deixá-las sob o comando do atual presidente da Embratel, José Formoso Martínez.
Com isso, ele pretende gerar economias de custo para enfrentar as gigantes Telefônica e Oi/Portugal Telecom.
A Embratel está no bloco controlador da Net desde 2004, quando a mexicana comprou parte dela (antiga Globocabo) do grupo Globo.
Ela tem pelo menos 38% das ações ON (com voto), e o grupo Globo, o restante.

MINORITÁRIOS
Em 2004, Slim fez um acordo para comprar a participação do grupo Globo na Net. O negócio só não aconteceu ainda porque as regras brasileiras impedem estrangeiros de controlar TVs no Brasil. Um projeto de lei que tramita no Congresso prevê o fim dessa limitação.
A oferta ontem foi dirigida aos acionistas minoritários preferencialistas, sem direito a voto. Pela proposta, a holding da Embratel deve pagar um prêmio de 23% acima do preço médio das ações nos últimos 30 dias. A operação, que é coordenada pelo Itaú BBA, não tem data definida.
As ações PN da Net tiveram alta de 13,21% na Bolsa. Segundo Eduardo Tude, da consultoria Teleco, a Embratel decidiu se antecipar à mudança da lei e ampliar sua participação. Para Tude, a compra da parte da Globo na Embratel é uma realidade. "A Embratel quer estar pronta quando a lei mudar."
Na avaliação do banco Barclays, a oferta da Embratel para os preferencialistas ainda é baixa, tendo em vista os ganhos tributários da ordem de US$ 800 milhões e de sinergia que virão com a consolidação do negócio.
"Apesar de o controle seguir nas mãos da Globo até a aprovação da nova lei, nossa visão é que a Embratel terá incentivo para aumentar a lucratividade", afirmou.


Colaborou ELVIRA LOBATO, do Rio


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