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TV paga perde disputa com teles e pede indenização
Operadoras que usam micro-ondas cederão frequências para teles móveis; Anatel propõe compensações
Crescimento da internet móvel gera disputa por frequências, "avenida" por onde as operadoras emitem seus sinais
JULIO WIZIACK
DE SÃO PAULO
As empresas de TV paga
que operam com micro-ondas (MMDS) sofreram ontem
um golpe da Anatel (Agência
Nacional de Telecomunicações) e pedem indenização.
Muitas poderão deixar de
existir, segundo a associação
que representa o setor.
Até ontem, essas operadoras veiculavam os canais de
televisão em faixas de frequência que totalizavam 190
MHz. As frequências são as
"avenidas" por onde as operadoras enviam seus sinais
(áudio, dados e imagens).
A partir de agora, elas terão de prestar seu serviço em
uma faixa de 70 MHz, uma
redução de 63%. A diferença,
120 MHz, será destinada futuramente às teles móveis,
que migrarão da atual tecnologia 3G (terceira geração)
para a 4G (quarta geração).
No próximo ano, já estará
pronto o edital da Anatel para a compra dessa frequência
retirada do MMDS.
As operadoras de TV queriam que a agência obrigasse
as operadoras de celular que
adquirirem essa fatia a pagar, além do valor da frequência, uma indenização às
empresas que cederam essa
faixa de frequência.
A agência não concordou.
Em contrapartida, disponibilizou faixas de frequências
mais elevadas (25 GHz, 37
GHz e 38 GHz) caso as operadoras de TV quisessem migrar de faixa. Só nesse caso, a
taxa de transferência cobrada pela agência será paga por
terceiros.
Outra compensação dada
pela agência foi a liberação
para que as empresas de TV
possam oferecer serviços de
internet, telefonia fixa e celular dentro dos 70 MHz.
A oferta de internet via micro-ondas era uma reivindicação antiga dessas operadoras. Na negociação com a
Anatel, ocorrida nos últimos
dias, a liberação do serviço
tornou-se uma exigência.
Desde julho do ano passado, a Neotec (associação que
reúne as TVs por MMDS) defendia a manutenção de 110
MHz e aceitava ceder 80 MHz
às teles móveis. A agência sinalizou que elas ficariam
com 90 MHz.
A justificativa para essa
distribuição foi o crescimento explosivo da internet 3G
(terceira geração). Sem novas frequências, as teles móveis dizem que correriam o
risco de colapso em suas redes de dados.
E EU COM ISSO?
Carlos André de Albuquerque, presidente da Neotec,
acredita que os consumidores podem ser prejudicados.
Isso porque empresas de
pequeno porte terão dificuldade de continuar oferecendo a quantidade atual de canais numa faixa de frequência reduzida. "Há chances
até de que algumas delas deixem de existir", diz.
Outras operadoras de
maior porte poderão ter de
reduzir o número de canais
para começar a vender internet em banda larga.
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