São Paulo, sábado, 06 de agosto de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Crise externa começa a afetar empresas

GM concede férias coletivas e Petrobras admite que pode ter dificuldades para financiar plano de investimentos

Mercado financeiro antecipa problemas e Bolsa perde 9,9% na semana; produtoras de commodities caem mais

TATIANA FREITAS
DE SÃO PAULO

O temor de recessão global, que derrubou as Bolsas em todo o mundo nesta semana, começa a afetar os planos de empresas brasileiras.
Ontem, a General Motors anunciou férias coletivas por duas semanas a 300 funcionários de sua fábrica em São José dos Campos (SP), para adequar sua produção à demanda do mercado nacional.
A redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), anunciada nesta semana pelo governo, não foi suficiente para segurar a desaceleração na produção da GM, que alega altos estoques.
Apesar de negar uma crise de liquidez, o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, admitiu a possibilidade de a estatal não conseguir buscar no mercado os US$ 91 bilhões que precisará para se financiar nos próximos anos.
Antecipando consequências da tensão global para empresas brasileiras, a Bovespa assistiu a uma fuga em massa dos investidores nesta semana. Nenhum setor começou agosto em alta.

MAIS AFETADAS
As empresas produtoras de matérias-primas -como celulose, minérios e aço- estão no grupo das ações mais afetadas, segundo levantamento feito pela Economática a pedido da Folha.
Como os preços de seus produtos são formados no mercado externo, queda no crescimento econômico global significa receita menor. Influenciado pela queda do petróleo na semana, o setor de óleo e gás liderou as vendas no período, com desvalorização de 14% -só a Petrobras caiu 13%, bem acima do Ibovespa (-9,9%).
A alta dependência de crédito dessas empresas também pesou. Além da Petrobras, o setor é formado por companhias que ainda não têm atividade operacional, como a HRT e a OGX, e que precisam de financiamento para iniciar as atividades.
"Empresas ainda sem fluxo de caixa são mais arriscadas", diz Hersz Ferman, economista da Yield Capital.
Também fornecedoras de matérias-primas, as empresas do setor de papel e celulose viram suas ações recuar 13% na semana. "Entre as commodities, a celulose é a que tem demonstrado menos sinais de recuperação."
Entre as companhias voltadas ao mercado interno, setores mais dependentes do crédito, como construção civil (-11%) e eletroeletrônicos (-13%), estiveram no centro do alvo das vendas.
Mas ninguém se salvou. Nem mesmo o segmento de softwares, beneficiado pela nova política industrial, foi poupado e caiu 2%.
Ele esteve, porém, no grupo dos menos impactados, ao lado de setores com receita mais dependente do mercado interno, como os de comércio (-7%), telecomunicações (-7%) e energia (-5%).
"A migração para setores defensivos, como energia e telecomunicações, sempre acontece com aumento de incerteza e crise", diz Nicholas Barbarisi, diretor de operações da Hera Investimentos.


Texto Anterior: Cotações/Ontem
Próximo Texto: Menos risco: Em um dia, Eike perde na bolsa US$ 2 bi
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.