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Salário de empregados domésticos cresce
Item foi o terceiro que mais contribuiu para aumento da inflação oficial medida nos meses de janeiro a julho
Mesmo ganhando mais, profissionais do setor ainda reclamam da falta de diretos trabalhistas como carteira assinada
VERENA FORNETTI
DO RIO
A remuneração dos empregados domésticos tem
avançado nas principais regiões metropolitanas.
Segundo o IBGE, enquanto a inflação oficial (IPCA)
avançou 3,1% de janeiro a julho, os preços dos serviços
domésticos subiram 7,62%.
Esse é o terceiro item que
mais contribuiu para a inflação no ano, atrás só dos colégios e do transporte urbano.
Dados do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) mostram que, em Salvador e Belo Horizonte, a renda média das mulheres que
exercem a função subiu mais
de 47% entre maio de 2000 e
maio deste ano, e no Distrito
Federal, cresceu 35%.
Cerca de 94% dos trabalhadores, mensalistas ou diaristas, são mulheres.
DIÁRIA
A Folha consultou 21 famílias que recorrem às faxinas
de um dia e constatou que o
valor das diárias no Rio pode
chegar a R$ 100.
A diarista Nina Pereira, 33,
por exemplo, cobrava R$ 60
pela diária no ano passado,
na zona sul carioca. Agora
pede até R$ 80. "Quando ninguém viaja na semana, tiro
uns R$ 1.500 no mês."
Nina ganha mais que o
marido, que também trabalha no setor de limpeza, em
um emprego com carteira assinada, no Rio. E mantém o
filho em escola particular,
que custa R$ 200 ao mês.
Mesmo dizendo que a vida
melhorou, reclama da falta
de direitos. "Corro para fazer
o trabalho de uma semana
em um dia. Se eu cair em uma
casa eu não recebo nada."
Está há seis anos sem pagar INSS. "Com filho pequeno é difícil sobrar dinheiro."
SALÁRIOS
Segundo o último dado
disponível do Dieese, 31% do
total das trabalhadoras domésticas em São Paulo, em
2008, atuavam como diaristas. Em sete regiões pesquisadas, Recife foi a com maior
percentual (33%) de diaristas
entre as profissionais.
Maria Aparecida da Silva,
52, concorria a uma vaga para dormir no emprego no Rio.
Estava desempregada há
três dias e buscava um salário de R$ 1.200 -o mesmo
que recebia no posto anterior. No penúltimo emprego,
recebia R$ 800.
Maria diz que a vida ainda
é difícil, mas que tem conseguido guardar dinheiro para
reformar a casa pela primeira
vez em 40 anos.
Tampouco está satisfeita.
"Comecei a trabalhar com
dez anos. Se tivessem assinado minha carteira já estava
aposentada há tempo."
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