São Paulo, sábado, 06 de novembro de 2010

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Greve faz BBC pôr executivo no lugar de apresentador

Profissionais da principal rede de canais de TV e de rádio do país pararam contra alterações nos benefícios

VAGUINALDO MARINHEIRO
DE LONDRES

Os britânicos tiveram ontem a rotina alterada não por mais uma greve do metrô (já foram três neste ano em Londres), mas pela paralisação dos jornalistas da BBC, principal rede de canais de televisão e de rádio do país.
O programa de rádio de maior audiência na manhã, "Today", não foi ao ar. Assim como o "Breakfast", da TV.
Ao longo do dia, reprises, suspensão de programas e menos atualizações no canal de notícias 24 horas.
A greve foi engrossada por apresentadores famosos da TV. É como se Sandra Annenberg ou o casal William Bonner e Fátima Bernardes aderissem a uma greve na Globo e não apresentassem seus telejornais.
O sindicato dos jornalistas, que representa cerca de 4.000 profissionais na BBC, programou a greve por 48 horas em protesto contra as reformas no plano de aposentadorias. Considerado muito melhor do que os oferecidos na iniciativa privada, o sistema está com deficit de 1,7 bilhão (pouco mais de R$ 7 bilhões).

MUDANÇAS
Para reduzi-lo, a corporação propôs algumas mudanças: o funcionário não se aposentaria mais com o último salário integral, mas com uma média das últimas remunerações; os reajustes anuais ficariam limitados a 1%, num país com previsão de 3% de inflação neste ano.
Os sindicatos que representam cerca de 80% dos funcionários da BBC aceitaram. O dos jornalistas, não.
Apesar da adesão de muitos, alguns não esconderam a irritação. No final do programa de quinta-feira à noite, o apresentador Jeremy Paxman disse: "E amanhã... Não tenho a mínima ideia do que vai acontecer amanhã".
Para que alguns programas fossem ao ar, até executivos da emissora foram para os microfones ou para a frente das câmeras.

CORTES
Além da questão das aposentadorias, a BBC terá que anunciar cortes de programas e de funcionários para fechar seu orçamento.
A corporação, que inclui TV, rádio e internet, é sustentada com uma taxa anual paga por todas as pessoas no Reino Unido que possuem TV em casa.
O governo decidiu que essa taxa ficará fixada em 145,50 (cerca de R$ 390) por seis anos, sem correção nem pela inflação.
Além disso, caberá à BBC arcar com os custos do Serviço Mundial -notícias divulgadas por rádio, TV e internet em 32 línguas para vários países, como o Brasil.
O Serviço Mundial custa 272 milhões por ano (R$ 730 milhões). Esse dinheiro sai hoje do Ministério do Exterior.
O serviço foi criado nos anos 30 do século passado, quando o Reino Unido ainda era um império e queria manter sua influência em todo o mundo.
A greve também atingiu o Serviço Mundial. Segundo dados do sindicato, cerca de 80% não trabalharam. A BBC Brasil não foi afetada.
Uma nova greve dos jornalistas está marcada para os dias 15 e 16 deste mês.

CRÍTICAS
Este tem sido um ano difícil para a BBC. Muitos jornais e membros do governo criticam os altos salários pagos a alguns executivos e apresentadores.
O diretor-geral da empresa, Mark Thonpson, recebeu, em 2009, 788 mil, incluindo fundo de pensão (cerca de R$ 2 milhões).
Esse valor equivale a 5,5 vezes o que ganha o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron.


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