São Paulo, quinta-feira, 07 de abril de 2011 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
ANÁLISE Serenidade e confiança são essenciais para o etanol agora PLINIO NASTARI ESPECIAL PARA A FOLHA Nesta segunda-feira foi realizada reunião entre a presidente Dilma e quatro ministros para discutir medidas relacionadas ao setor do etanol, dentre elas a redução da mistura de anidro à gasolina -podendo até cair abaixo de 20%- e um maior controle da ANP Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) sobre a produção e a comercialização de álcool combustível. Do ponto de vista técnico, não é possível reduzir a mistura abaixo de 20%. As frotas estão dimensionadas para usar gasolina contendo entre 20% e 25% de anidro. Não existe nenhuma indicação de que os produtores não estejam comprometidos com a produção de anidro em volume suficiente. A redução da mistura só vai agravar a demanda adicional de gasolina pura, podendo gerar importação adicional desnecessária. No curto prazo, há estoque de anidro suficiente que não está sendo escoado. A safra que está iniciando traz a perspectiva de oferta crescente de etanol anidro e hidratado. Tanto que, nas últimas duas semanas, o preço do etanol hidratado ao produtor caiu de R$ 1,66 para R$ 1,38 por litro, livre de impostos, redução ainda não sentida pelo consumidor. O aumento do controle da ANP sobre a comercialização de etanol pode significar um avanço. O etanol continua sendo comercializado no mercado à vista, com distribuidoras mantendo apenas um estoque mínimo operacional. Caso as regras válidas para os derivados sejam estendidas ao etanol, poderá melhorar o planejamento desse mercado. Na verdade, seria fundamental recuperar a competitividade do etanol com a gasolina em motores -que já foi de 81% em média em 1991, e hoje está em 70%- através de incentivos a inovações na industria automotiva, dando novo estímulo a expansão. A expansão é, mais do que nunca, necessária, tendo em vista a demanda potencial representada pela crescente frota flex. Essa medida introduziria elemento de incerteza, inibindo novos, necessários investimentos. A flexibilidade industrial para fabricar açúcar ou etanol dependendo das condições do mercado é uma vantagem para os produtores e para o país, e não algo que deva ser combatido. O fato de que a frota é flex, e pode se adaptar a essas condições, torna o Brasil um caso único e invejado mundo afora. Os benefícios gerados pela produção e pelo uso em larga escala de etanol combustível são reconhecidos internacionalmente. Os preços de açúcar e etanol observados recentemente foram resultado combinado de recorde de 30 anos no preço mundial do açúcar e de dois anos seguidos de clima anormal. O governo deve ter serenidade para transmitir a todos os agentes envolvidos na cadeia do etanol -consumidores, produtores, comercializadores e fornecedores de insumos- a tranquilidade necessária para que avanços continuem ocorrendo através de investimentos em expansão, modernização e ganhos de produtividade. Afinal, a produção agrícola e industrial precisa crescer, até o final desta déca- da, dos atuais 620 milhões para mais de 1 bilhão de toneladas de cana, para atender à crescente demanda interna e externa. PLINIO NASTARI é mestre e doutor em economia agrícola e presidente da Datagro Consultoria. Texto Anterior: Contra inflação, tributo pode cair se gasolina subir Próximo Texto: Vaivém - Mauro Zafalon: Presença do governo em combustível dificulta mercado futuro do álcool Índice | Comunicar Erros |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |