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FINANÇAS PESSOAIS
MÁRCIA DESSEN - marcia.dessen@bmibrasil.com.br
Eu não disse que poupar é uma tarefa fácil. Mas é possível
VAMOS NOS encontrar
neste espaço toda segunda-feira por um bom tempo. Então vamos combinar uma
coisa: eu não quero ser ou parecer a chata de plantão que
fica dizendo o que você deve
ou não deve fazer com o seu
dinheiro. Isso é algo que diz
respeito exclusivamente a
você.
O dinheiro é seu, foi ganho
provavelmente com muito
trabalho, esforço e suor, e
ninguém além de você pode
tomar a decisão do que deve
ser feito.
Entretanto, raramente temos dinheiro para fazer tudo
que a gente quer, tudo na hora, ao mesmo tempo, tudo de
uma vez. As escolhas precisam ser feitas e lembre-se de
que para cada escolha existe
uma renúncia. Você precisa
fazer uma fila, por ordem de
importância e de necessidade.
E acho que posso te ajudar
a fazer isso. Posso te ajudar a
pensar, a refletir e a fazer as
escolhas que precisam ser
feitas para evitar problemas
futuros.
Você será colocado sob
pressão inúmeras vezes.
Situações do tipo "eu quero", como tende a exigir uma
criança birrenta; "todos os
meus amigos têm", como diz
o filho adolescente se referindo a alguma roupa da moda;
"eu mereço", quando precisamos de alguma coisa para
compensar algum tipo de
frustração ou falta de reconhecimento no trabalho, na
família.
E aquela propaganda, de
uma bandeira de cartão de
crédito, que fica dizendo o
valor das coisas e de repente
coloca na sua frente uma situação com a qual você se
identifica muito e diz, sorrateiramente, que "não tem
preço"?
Já aconteceu com você?
Mais de uma vez? Muitas vezes. O que não tem preço pode ter um valor alto, muito alto. Mas a sedução é tentadora, irresistível.
Comece separando as coisas que você precisa das coisas que você quer. Precisar é
mais importante do que querer, merece sua atenção e tem
prioridade. Normalmente,
me refiro a elas como despesas, despesas necessárias.
Já as coisas que você quer
nem sempre são necessárias
ou importantes. Me refiro a
elas como gastos, gastos voluntários e quase sempre
desnecessários.
Essa é a área mais fácil de
cortar no seu orçamento,
mas, ao mesmo tempo, a
mais complicada. Parece que
todas as despesas que a gente paga, paga por obrigação.
E os gastos são as coisas que
nos dão prazer, também necessárias para o nosso bem-estar.
Para tentar resolver esse
difícil dilema, temos de procurar prazer nas despesas
necessárias. Na moradia,
pense no conforto e na segurança do seu lar e no benefício da convivência familiar.
Aquele churrasco feito em
casa, regado a cerveja, com
os amigos, por exemplo, bom
e barato. No campo da alimentação, pense na importância da dieta saudável e
naquela comidinha caseira
que é a única que não enjoa.
Ir a restaurantes e a bares
tem o seu glamour; então faça isso uma vez por semana
ou por mês. Seu vestuário pode ser simples, criativo e
bem-humorado. Quando a
elegância é necessária, ela
está muito mais no seu porte,
na sua atitude, do que na
roupa que você veste.
Reserve dinheiro para sua
educação e a dos filhos; pense que você está investindo
na sua formação, na oportunidade de um emprego melhor, na sua carreira, no seu
futuro e no futuro dos seus filhos. Dizem que esse é o único investimento que não tem
risco.
Fazer orçamento, controlar as despesas, é chato, muito chato. Ele deixa claro que
não há dinheiro suficiente
para tudo o que queremos e
precisamos.
Diante dessa constatação,
é preciso cortar. E cortar dói.
E como ninguém gosta de
sentir dor, talvez seja por isso
que a maioria das pessoas
não faz orçamento e não controla suas despesas.
Dizem que o que os olhos
não veem, o coração não sente...
Eu não disse que é fácil.
Mas é possível.
MARCIA DESSEN, CFP, é sócia da BMI,
professora da FDC e cofundadora do IBCPF.
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