São Paulo, segunda-feira, 07 de junho de 2010

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FINANÇAS PESSOAIS

MÁRCIA DESSEN - marcia.dessen@bmibrasil.com.br

Eu não disse que poupar é uma tarefa fácil. Mas é possível

VAMOS NOS encontrar neste espaço toda segunda-feira por um bom tempo. Então vamos combinar uma coisa: eu não quero ser ou parecer a chata de plantão que fica dizendo o que você deve ou não deve fazer com o seu dinheiro. Isso é algo que diz respeito exclusivamente a você.
O dinheiro é seu, foi ganho provavelmente com muito trabalho, esforço e suor, e ninguém além de você pode tomar a decisão do que deve ser feito.
Entretanto, raramente temos dinheiro para fazer tudo que a gente quer, tudo na hora, ao mesmo tempo, tudo de uma vez. As escolhas precisam ser feitas e lembre-se de que para cada escolha existe uma renúncia. Você precisa fazer uma fila, por ordem de importância e de necessidade.
E acho que posso te ajudar a fazer isso. Posso te ajudar a pensar, a refletir e a fazer as escolhas que precisam ser feitas para evitar problemas futuros.
Você será colocado sob pressão inúmeras vezes. Situações do tipo "eu quero", como tende a exigir uma criança birrenta; "todos os meus amigos têm", como diz o filho adolescente se referindo a alguma roupa da moda; "eu mereço", quando precisamos de alguma coisa para compensar algum tipo de frustração ou falta de reconhecimento no trabalho, na família.
E aquela propaganda, de uma bandeira de cartão de crédito, que fica dizendo o valor das coisas e de repente coloca na sua frente uma situação com a qual você se identifica muito e diz, sorrateiramente, que "não tem preço"?
Já aconteceu com você? Mais de uma vez? Muitas vezes. O que não tem preço pode ter um valor alto, muito alto. Mas a sedução é tentadora, irresistível.
Comece separando as coisas que você precisa das coisas que você quer. Precisar é mais importante do que querer, merece sua atenção e tem prioridade. Normalmente, me refiro a elas como despesas, despesas necessárias. Já as coisas que você quer nem sempre são necessárias ou importantes. Me refiro a elas como gastos, gastos voluntários e quase sempre desnecessários.
Essa é a área mais fácil de cortar no seu orçamento, mas, ao mesmo tempo, a mais complicada. Parece que todas as despesas que a gente paga, paga por obrigação.
E os gastos são as coisas que nos dão prazer, também necessárias para o nosso bem-estar.
Para tentar resolver esse difícil dilema, temos de procurar prazer nas despesas necessárias. Na moradia, pense no conforto e na segurança do seu lar e no benefício da convivência familiar.
Aquele churrasco feito em casa, regado a cerveja, com os amigos, por exemplo, bom e barato. No campo da alimentação, pense na importância da dieta saudável e naquela comidinha caseira que é a única que não enjoa.
Ir a restaurantes e a bares tem o seu glamour; então faça isso uma vez por semana ou por mês. Seu vestuário pode ser simples, criativo e bem-humorado. Quando a elegância é necessária, ela está muito mais no seu porte, na sua atitude, do que na roupa que você veste.
Reserve dinheiro para sua educação e a dos filhos; pense que você está investindo na sua formação, na oportunidade de um emprego melhor, na sua carreira, no seu futuro e no futuro dos seus filhos. Dizem que esse é o único investimento que não tem risco.
Fazer orçamento, controlar as despesas, é chato, muito chato. Ele deixa claro que não há dinheiro suficiente para tudo o que queremos e precisamos.
Diante dessa constatação, é preciso cortar. E cortar dói.
E como ninguém gosta de sentir dor, talvez seja por isso que a maioria das pessoas não faz orçamento e não controla suas despesas.
Dizem que o que os olhos não veem, o coração não sente... Eu não disse que é fácil. Mas é possível.

MARCIA DESSEN, CFP, é sócia da BMI, professora da FDC e cofundadora do IBCPF.


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