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Após baixa, Bovespa oferece risco e pechinchas
Para analistas, Bolsa de Valores está barata
MARIANA SCHREIBER
DE SÃO PAULO
As perdas de 10,08% acumuladas neste ano pelo Ibovespa, principal índice da
Bolsa de Valores, trazem um
dilema para o investidor: pechinchas versus riscos.
Na avaliação do Credit
Suisse, a Bolsa brasileira está
barata e atrativa. Principalmente as ações de setores cíclicos -aqueles que acompanham de perto o desempenho da economia.
Segundo analistas do banco, a relação entre os preços
dos papéis e a expectativa de
lucro das empresas brasileiras está no menor nível desde
março de 2009. O Credit Suisse calcula que o múltiplo P/L
(preço sobre lucro) projetado
para 2010 está em 10,6 vezes;
o de 2011, em 9 vezes.
Entre os múltiplos projetados em 2010 pelo banco para
os 22 países que constituem o
índice MSCI Emerging Markets, o Brasil tem o oitavo
menor, à frente de China (12
vezes) e Índia (15,7 vezes).
Na Bovespa, o economista
Hersz Ferman, da Yield Capital, diz que a construção civil
está com múltiplos baixos.
Ele lembra que, além de se
beneficiar diretamente do
avanço do país, o setor conta
com estímulos do governo.
Segundo o economista,
ações de construtoras têm
volatilidade maior por causa
das altas metas operacionais
(vendas e lançamentos).
"Elas trabalham com fluxo
de caixa negativo. Os recursos demoram a entrar. Se falta crédito, podem quebrar."
A gestora Daniella Marques, da Oren, também vê
boas perspectivas para o setor diante da projeção de um
ano recorde de vendas.
Segundo ela, ações de
construtoras sofreram no início do ano devido à expectativa -confirmada- de elevação da taxa básica de juros
(Selic). No entanto, Daniella
lembra que financiamentos
imobiliários são corrigidos
pela TR (Taxa Referencial).
A gestora também chama
a atenção para o papel da Vale, que, segundo ela, está
com múltiplo P/L projetado
para 2010 em 7 vezes, abaixo
da média histórica.
Depois de ter reajustado
em 100% o preço do minério
de ferro vendido no segundo
trimestre, a mineradora deve
promover nova alta de 35%
no próximo trimestre.
CHINA E PETRÓLEO
De acordo com os analistas, o principal risco associado ao setor de commodities é
o de desaceleração no crescimento da China, devido às
medidas adotadas pelo país
para conter a inflação e uma
bolha no mercado imobiliário. No entanto, ambos não
esperam redução brusca na
expansão chinesa.
No próximo governo, a
volta das discussões sobre a
elevação dos royalties de mineração também pode trazer
volatilidade aos papéis de
mineradoras. A expectativa,
no entanto, é que as taxas
não devem crescer muito para não tirar competitividade
das exportações brasileiras.
O setor de petróleo também soa promissor, apesar
de as incertezas com a capitalização da Petrobras ainda limitarem ganhos dos papéis
da estatal no curto prazo.
Para Marques, a ação da
OGX também está barata e a
empresa pode ter seus ativos
reprecificados em 50%.
A chinesa Sinochem comprou poço próximo aos da
OGX pelo preço de US$ 8 a
US$ 10 o barril, o dobro do
valor estimado das reservas
da empresa de Eike Batista.
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