São Paulo, segunda-feira, 07 de junho de 2010

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Após baixa, Bovespa oferece risco e pechinchas

Para analistas, Bolsa de Valores está barata

MARIANA SCHREIBER
DE SÃO PAULO

As perdas de 10,08% acumuladas neste ano pelo Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores, trazem um dilema para o investidor: pechinchas versus riscos.
Na avaliação do Credit Suisse, a Bolsa brasileira está barata e atrativa. Principalmente as ações de setores cíclicos -aqueles que acompanham de perto o desempenho da economia.
Segundo analistas do banco, a relação entre os preços dos papéis e a expectativa de lucro das empresas brasileiras está no menor nível desde março de 2009. O Credit Suisse calcula que o múltiplo P/L (preço sobre lucro) projetado para 2010 está em 10,6 vezes; o de 2011, em 9 vezes.
Entre os múltiplos projetados em 2010 pelo banco para os 22 países que constituem o índice MSCI Emerging Markets, o Brasil tem o oitavo menor, à frente de China (12 vezes) e Índia (15,7 vezes).
Na Bovespa, o economista Hersz Ferman, da Yield Capital, diz que a construção civil está com múltiplos baixos. Ele lembra que, além de se beneficiar diretamente do avanço do país, o setor conta com estímulos do governo.
Segundo o economista, ações de construtoras têm volatilidade maior por causa das altas metas operacionais (vendas e lançamentos).
"Elas trabalham com fluxo de caixa negativo. Os recursos demoram a entrar. Se falta crédito, podem quebrar."
A gestora Daniella Marques, da Oren, também vê boas perspectivas para o setor diante da projeção de um ano recorde de vendas.
Segundo ela, ações de construtoras sofreram no início do ano devido à expectativa -confirmada- de elevação da taxa básica de juros (Selic). No entanto, Daniella lembra que financiamentos imobiliários são corrigidos pela TR (Taxa Referencial).
A gestora também chama a atenção para o papel da Vale, que, segundo ela, está com múltiplo P/L projetado para 2010 em 7 vezes, abaixo da média histórica.
Depois de ter reajustado em 100% o preço do minério de ferro vendido no segundo trimestre, a mineradora deve promover nova alta de 35% no próximo trimestre.

CHINA E PETRÓLEO
De acordo com os analistas, o principal risco associado ao setor de commodities é o de desaceleração no crescimento da China, devido às medidas adotadas pelo país para conter a inflação e uma bolha no mercado imobiliário. No entanto, ambos não esperam redução brusca na expansão chinesa.
No próximo governo, a volta das discussões sobre a elevação dos royalties de mineração também pode trazer volatilidade aos papéis de mineradoras. A expectativa, no entanto, é que as taxas não devem crescer muito para não tirar competitividade das exportações brasileiras.
O setor de petróleo também soa promissor, apesar de as incertezas com a capitalização da Petrobras ainda limitarem ganhos dos papéis da estatal no curto prazo.
Para Marques, a ação da OGX também está barata e a empresa pode ter seus ativos reprecificados em 50%.
A chinesa Sinochem comprou poço próximo aos da OGX pelo preço de US$ 8 a US$ 10 o barril, o dobro do valor estimado das reservas da empresa de Eike Batista.


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