São Paulo, quarta-feira, 07 de julho de 2010

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Com mais empregos, consumo de feijão cresce e sustenta preço

Renda sobe, puxa consumo do cereal e consumidores exigem produto de melhor qualidade

Nos anos 70, consumo per capita era de 27 kg, caiu para cerca de 15 kg no início desta década e agora voltou a 19 quilos

Rubens Chaves/Pulsar Imagens
Pequeno agricultor trabalha na plantação de feijão em Bacabal (MA); cereal volta a ter um público consumidor mais fiel que, na hora da compra, exige produto de boa qualidade

MAURO ZAFALON
DE SÃO PAULO

A economia nacional reage, amplia o leque de emprego e coloca mais trabalhadores na chamada formalidade -pessoas com registro em carteira.
O resultado está sendo uma mudança no comportamento de consumo de produtos populares, utilizados pelas classes de menor poder aquisitivo. Nessa faixa de renda é onde ocorre a maior oferta de empregos.
Ladeira abaixo na opção de consumo dos brasileiros nas últimas décadas, o feijão volta a ter um público mais fiel e mais exigente, forçando inclusive o agricultor a colocar um produto de boa qualidade no mercado.
O resultado desse cenário é o aquecimento atual da demanda e a consequente elevação dos preços.
Esse aquecimento vem do aumento de renda dos consumidores incorporados ao mercado de trabalho, segundo o analista Walmir Brandalizze, da consultoria Brandalizze, de Curitiba (PR).
Nos anos 1970, o consumo médio anual de feijão per capita era de 27 quilos, volume que caiu para cerca de 15 quilos no início desta década, mas que retornou para o patamar próximo de 19 quilos nos últimos anos.
Esse aumento de consumo mantém a demanda aquecida e a exigência de um produto de qualidade.
Brandalizze diz que os produtores que não se adaptarem às novas exigências do mercado estarão com dificuldades para vender a safra.
Muitos que tiveram problemas climáticos durante a safra, e a consequente queda de qualidade, estão deixando de colher o produto.
Rejeitado por supermercados e feiras, o feijão de qualidade inferior não gera renda ao produtor e acaba indo para programas sociais do governo e para cestas básicas fornecidas por indústrias, a preços menores.

MUDANÇAS
A exigência de feijão de boa qualidade pode provocar mudança substancial no sistema de produção. Tradicionalmente uma cultura de pequenos produtores, a produção vai ficar com grandes grupos que fazem o plantio irrigado em Estados como São Paulo, Goiás e Minas Gerais, diz Brandalizze.
Na avaliação do analista, a produção de feijão da safra 2009/10 fica em 3,15 milhões de toneladas, enquanto o consumo sobe para 3,3 milhões. Há dois anos, era de 2,8 milhões de toneladas.
Os estoques finais do produto recuam para apenas 78 mil toneladas. Já estimativas da Conab indicam produção de 3,7 milhões, com consumo de 3,5 milhões.
Apesar das dificuldades dos agricultores com o clima nas safras recentes, a demanda maior e a exigência de um produto de melhor qualidade trazem lucros aos produtores que conseguem colocar um cereal de bom padrão no mercado.
O produto considerado "nobre", que chegava a R$ 170 a saca no campo em junho, recuou para até R$ 150 neste mês, período de férias e de menor consumo.
Mesmo a esse preço, o cereal ainda remunera o produtor, segundo Brandalizze, que acredita em nova alta a partir de agosto.
O preço mínimo fixado pelo governo -e que poderá ser reajustado para baixo, como ocorreu com o do trigo- está em R$ 80 por saca.
O consumidor começa a exigir maior qualidade no feijão porque o poder de compra também melhorou, segundo Brandalizze. Há dez anos, o salário mínimo comprava duas sacas de feijão. Hoje, compra quatro, diz ele.


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