São Paulo, quarta-feira, 07 de julho de 2010

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mercado em cima da hora

Moreno supera resistências e é reeleito no BID

Após saia justa com Brasil, colombiano vence pleito por unanimidade e comandará banco por mais 5 anos

Em entrevista, Moreno afirma que BID terá capacidade maior de empréstimo e priorizará educação e ambiente

ANDREA MURTA
DE WASHINGTON

Depois de meses sendo alvo de rumores e críticas, inclusive do Brasil, o presidente do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), o colombiano Luis Alberto Moreno, foi reeleito ontem por unanimidade.
Ele destacou como focos dos próximos cinco anos educação, saneamento e mudança climática e tentou desfazer a impressão de irrelevância do BID ante as necessidades da região.
O Brasil, representado ontem pelo ministro Paulo Bernardo (Planejamento), passou por disputas e reviravoltas antes de apoiar Moreno.
Especula-se que o voto favorável tenha chegado, tardiamente, não só pela falta de uma alternativa viável mas para evitar novo mal-estar com a Colômbia. A votação ocorreu enquanto resistem rusgas pela demissão da representantes colombiana pelo Brasil no grupo que lidera no FMI.
Carta anônima assinada por funcionários do BID acusou o Brasil de trocar o voto pela indicação de um funcionário a um cargo gerencial.
Ontem, em entrevista à Folha, Moreno rechaçou as especulações e falou sobre a recente recapitalização do banco.

 

Folha - Paulo Bernardo diz que o BID precisará de nova infusão de capital em até quatro anos. O sr. acredita que a recente capitalização [US$ 70 bilhões] foi suficiente? Luis Alberto Moreno - Todos os países que pegam empréstimos acham que o valor é insuficiente, e todos os credores, que tinham em 2009 pedidos de todos os lados, acham que foi o possível. Talvez em outro contexto econômico teria sido mais fácil.
Mas pensamos que a recapitalização demoraria três anos, e levou só um. Para os próximos cinco anos, não prevejo que vá faltar capital.

O sr. concorda que instituição tenha ficado pequena para a América Latina?
Estamos muito mais adequados às necessidades da região do que antes da recapitalização. Em 15 anos o hemisfério dobrou de tamanho em termos de PIB.
Vai haver muita demanda, especialmente dos países pequenos.
[Mas] acho que esta é a realmente a década da América Latina. Países como Brasil, Chile e Argentina terminarão a década com PIBs per capita perto dos US$ 20 mil. Está ocorrendo uma revolução social silenciosa na região, estamos formando uma classe média.

A que o sr. credita a mudança de posição do Brasil na sua reeleição?
Em eleição sempre há falatório. A maior parte dos países-membros chegou à conclusão de que eu sou a melhor opção.
Essa questão com a Colômbia, eu li sobre isso hoje no jornal. Nunca falei com o governo brasileiro sobre o assunto, não envolve o BID.
Quanto à sugestão de troca de cargos, é quase um insulto ao Brasil sugerir isso.


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