São Paulo, quinta-feira, 07 de julho de 2011

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Indicador mostra Petrobras mais barata

Preço das ações da petroleira é quase o mesmo que o seu valor contábil, que reflete avaliação passada da estatal

Para analistas, recuo mostra que mercado vê risco em investir na petroleira, com retorno menor e a longo prazo

PEDRO SOARES
DO RIO

Com as ações em queda neste ano, o valor de mercado da Petrobras quase igualou o patrimônio da companhia -ou seja, seu valor contábil, que reflete o "passado", e não seu potencial de crescimento no futuro.
Desde o fechamento de 1998, o valor de mercado da empresa não empatava ou era inferior ao patrimônio -relação que sinaliza a expectativa de investidores. Poucas empresas de grande porte do país estão em tal situação.
Isso mostra, dizem analistas, que o mercado enxerga mais risco em investir na Petrobras, com retorno menor e num prazo mais longo do que a estatal espera. Por isso, avaliam, não é atribuído um preço mais "justo" à ação, já que, apesar das perdas atuais, deve atingir patamares de preço mais altos no futuro.
Para analistas, as razões desse descompasso e das perdas da estatal na Bolsa são várias. Citam as dúvidas quanto à capitalização recorde da estatal feita no ano passado, o não reajuste dos preços da gasolina e do diesel (ingerência do governo para conter a inflação) e a crise europeia, que aumenta a aversão a risco de investidores estrangeiros, grandes compradores de papéis da estatal.
"A empresa ampliou sua base de capital e não gerou frutos e resultados no curto prazo", diz Henrique Ribas, analista da corretora Planner.
Já Almir Barbassa, diretor financeiro da Petrobras, disse à Folha que "há um descompasso entre as expectativas da Petrobras e o interesse do investidor". Afirma que essa diferença de visão foi gerada pela capitalização realizada para ampliar os investimentos da companhia ,especialmente no pré-sal.
"O acionista parece querer um retorno imediato. Ele não quer esperar 2015, quando projetos vão maturar e os resultados aparecerão."
Barbassa disse ainda que os investimentos realizados agora poderão ser antecipados e gerar retorno antes do que os investidores estão vislumbrando.

CAPITALIZAÇÃO
A capitalização fez o patrimônio da Petrobras subir de R$ 159,5 bilhões ao fim de 2009 para R$ 306,8 bilhões no encerramento de 2010, segundo a consultoria Economática. Já o valor de mercado subiu menos nesse intervalo, de R$ 347,1 bilhões para R$ 380,2 bilhões.
Ou seja, o patrimônio cresceu mais rápido graças à injeção de recursos proporcionada pela capitalização.
Em 2011, o valor de mercado caiu 14,4%, para R$ 325,6 bilhões, com as perdas da Bolsa, acentuadas pelo descompasso de expectativas.
Lucas Brendler, do banco Geração Futuro, diz que os lucros crescentes da Petrobras e as perspectivas de aumento de produção e reservas não condizem com o atual nível de preço da ação da empresa e que a tendência é de valorização num horizonte maior.


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