São Paulo, domingo, 07 de agosto de 2011 |
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Carne bovina custa menos em açougues Supermercados da capital paulista vendem alguns cortes por até 25% mais; açougues cobram mais pelo frango Carnes sobem mais que a inflação, mostra pesquisa; quando preço sobe no campo, repasse ao consumidor é rápido MAURO ZAFALON COLUNISTA DA FOLHA Comprar carne no velho e tradicional açougue ainda é mais vantajoso do que nos supermercados. Alguns cortes de carne bovina chegam a custar 25% mais nos supermercados do que nos açougues. Já o frango tem preços menores nos supermercados, enquanto a carne suína oscila. Os dados fazem parte de uma pesquisa que busca mostrar os reflexos da alta dos preços do boi, do suíno e do frango nas redes de supermercados e nos açougues. E, consequentemente, no bolso do consumidor. Foram utilizados dados da Informa Economics FNP, assessoria que acompanha o setor de carnes há 21 anos, e da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas). Os dados mostram que as carnes sobem bem mais do que a inflação e, no período de alta de preços no campo, supermercados e açougues reagem rapidamente, elevando os preços. No período de baixa, o recuo é lento. A pesquisa toma como base a evolução dos preços de janeiro de 2006 a dezembro de 2010 em São Paulo. Nesse período, as carnes bovinas consideradas menos nobres, como músculo, subiram 89%. As nobres, como picanha e filé-mignon, subiram 134% e 145%, respectivamente. O frango inteiro teve reajuste de 91%. Já a bisteca suína somente acompanhou a inflação, de 25% no período. A arroba de boi teve reajuste de 103% no campo nesse mesmo período, segundo a Informa Economics. RENDA AJUDA "O preço da carne bovina é superior nos supermercados porque esses estabelecimentos podem ampliar a margem bruta em diversos cortes. Eles têm um público de maior renda", diz José Vicente Ferraz, da Informa. Os preços médios do filé-mignon foram de R$ 21,76 por quilo em 2010 nos açougues. Já os consumidores que optaram por comprar em supermercados pagaram R$ 27,24. A evolução da economia também é importante na formação dos preços. No período de ganho de renda da população, há maior aceleração nos preços das carnes nobres. O reajuste da picanha, por exemplo, acompanha de perto a evolução da renda, principalmente nos açougues. A alta chega mais rápida no açougue porque o leque de produtos é menor e se baseia praticamente nas carnes. Mas o aumento de renda diminui o consumo de carnes menos nobres, como músculo e acém, o que provoca reajustes menores desses cortes. Ao contrário da carne bovina, a de frango custou 5% menos nos supermercados em 2010 em relação aos valores de venda dos açougues. Os preços no varejo são influenciados pelos do atacado, o que evidencia a maior força dessa cadeia frigorífica do frango, afirma Ferraz. Os preços do boi, do suíno e do frango são condicionantes para a alta das carnes nos açougues e nos supermercados. O repasse é rápido nos açougues e um pouco mais lento nos supermercados. O preço recorde da arroba do boi em novembro de 2010 -de R$ 111, em média- foi percebido pelos consumidores no mesmo mês. A pesquisa, que se refere à cidade de São Paulo, não mostrou dados consistentes sobre a transferência de consumidor da carne bovina para as demais, quando o mercado está em alta, diz Ferraz. Mas pesquisa da Seab (Secretaria da Agricultura e do Abastecimento) do Paraná, indica que, para cada 1% de alta no preço da carne bovina no Estado, há queda de 2,6% no consumo desta em relação à do frango, e de 1,4% ante a suína. Texto Anterior: Santo Antônio tenta achar opções pós-obra Próximo Texto: Frase Índice | Comunicar Erros |
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