São Paulo, segunda-feira, 07 de novembro de 2011

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Quase 1 milhão tem perda com fundos ligados a juros

Segundo estudo, 1 em cada 2 investidores ganharia mais com a poupança

Taxas de administração acima de 2% e peso do Imposto de Renda corroem aplicações atreladas ao CDI

TONI SCIARRETTA
DE SÃO PAULO

Quase 1 milhão de brasileiros mantêm hoje R$ 17,5 bilhões em fundos de investimento DI (atrelados aos CDI, Certificados de Depósitos Interfinanceiros) que perdem para o rendimento isento de imposto da caderneta de poupança, segundo estudo de Rafael Paschoarelli, professor de finanças da USP, com base em dados da consultoria Comdinheiro.
No estudo, 39 fundos de investimento DI (veja lista ao lado) tiveram rendimento líquido menor do que a poupança nos últimos 12 meses -no período, a caderneta teve ganho de 7,5%.
Os R$ 17,5 bilhões desses fundos somam apenas 5% do total de R$ 351,7 bilhões aplicados nos fundos DI, mas representam pouco mais da metade dos cotistas desse tipo de aplicação -956,4 mil de um total de 1,874 milhão.
Ou seja, 1 em cada 2 cotistas de fundo DI ganharia mais se deixasse o dinheiro na caderneta de poupança.
Para chegar a essa constatação, Paschoarelli descontou a menor alíquota de imposto de renda cabível -17,5% (361 a 720 dias de aplicação) ou 20% (181 dias a 360 dias)- de cada um deles. O período analisado foi de 29 de outubro de 2010 a 28 de outubro deste ano.
Foram excluídos fundos exclusivos ou voltados a grandes investidores.
Todos esses 39 fundos têm taxa de administração, espécie de anuidade que os bancos cobram para gerir o dinheiro do cliente, acima de 2% -limite para uma aplicação com juros pós-fixados (que segue a taxa Selic, hoje em 11,5% ao ano) render mais do que o piso anual de 6,17% mais a TR da poupança.
"As pessoas precisam entender o impacto da taxa de administração no rendimento dos fundos. Ela não pode comer a metade do rendimento. Em mercados maduros, essas taxas são expelidas não pelos reguladores, mas pela concorrência. Esse estudo mostra que o mercado de fundos brasileiro tem muito a evoluir", disse Paschoarelli.
A maioria desses fundos são aplicações automáticas, em que o próprio banco investe e resgata para manter a conta do cliente no azul.
Vários deles são de instituições comerciais que aceitam valores baixos para aplicação (quanto mais alto o tíquete de entrada, menor é a taxa de administração e maior é o rendimento).
Outros fundos são aplicações muito antigas dos bancos comerciais abertas ainda nos anos 90, quando o país convivia com juros acima de 20% ao ano e taxa de administração de 2% não fazia estrago no rendimento final da aplicação.


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