São Paulo, terça-feira, 08 de fevereiro de 2011

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Carro popular perde fatia nas vendas

Restrição a financiamentos e avanço dos importados podem ter contribuído para recuo nas vendas em janeiro

Veículos 1.0 foram responsáveis por 46,2% dos licenciamentos, voltando ao nível de novembro de 2008

TATIANA RESENDE
DE SÃO PAULO

Os carros populares vêm perdendo participação nas vendas no Brasil. A fatia dos automóveis 1.0 atingiu 46,2% do total em janeiro, igualando o patamar registrado em novembro de 2008, logo depois do agravamento da crise mundial, que resultou na escassez de crédito.
Em 2010, por exemplo, o percentual fechou em 50,8%. Na série histórica da Anfavea (associação das montadoras), iniciada em 1991, o pico de participação dos carros populares foi registrado em 2001 (71,1%).
Para o presidente da entidade, Cledorvino Belini, "é cedo" para atribuir essa redução às medidas anunciadas em dezembro para frear os financiamentos com prazo superior a 24 meses. "Em mais dois ou três meses poderemos chegar a essa conclusão", afirmou. O consultor do setor automotivo André Beer, ex-presidente da Anfavea, chama a atenção para o fato de que, já em dezembro, esse percentual havia caído para 48%.
"Há muitas pessoas em "stand by", esperando para comprar o carro novo."

IMPORTADOS
Outro motivo levantado por Belini é a maior participação dos importados nas vendas, alavancada pela desvalorização do dólar. Em janeiro, esses veículos -considerando na conta também comerciais leves, ônibus e caminhões- responderam por 23,5% do total emplacado, o maior patamar desde dezembro de 1998 (31%). As 57.560 unidades vendidas representaram crescimento de 33,9% ante o mesmo mês do ano passado. Já os licenciamentos de veículos fabricados no Brasil tiveram alta de 10%. Vale lembrar que a maior parte desses carros é trazida do exterior pelas montadoras instaladas no país, principalmente da Argentina e do México, devido a acordos comerciais para isenção do Imposto de Importação.
Para Luiz Carlos Mello, coordenador do CEA (Centro de Estudos Automotivos), o dado também mostra a mudança gradativa no mercado brasileiro. "O ajuste para baixo de 50% tem de acontecer. O país está mais maduro e em busca de um produto mais encorpado", pondera.
A produção de veículos no Brasil bateu recorde em janeiro, atingindo o melhor desempenho para o mês com a fabricação de 261,8 mil unidades -acréscimo de 6,4% no confronto com janeiro do ano passado, mas redução de 9,1% ante dezembro.
Já as exportações somaram 53,6 mil veículos no período, com altas de 10,7% e de 5,8%, respectivamente.
Ontem, Belini voltou a ressaltar a preocupação do setor com a competitividade do produto brasileiro no exterior. "O país não pode ficar fechado. Não é o fato de importarmos, é o fato de não exportarmos o suficiente."

FOLHA.com
Ouça o presidente da Anfavea falando sobre os gargalos do setor
www.folha.com.br/mm871976


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